“Bloquear um líder mundial ocultaria informação que as pessoas devem debater”
Rede social divulgou um comunicado onde explica porque não remove os tweets controversos ou bloqueia as contas de utilizadores como Donald Trump.
Apesar de nunca referir o seu nome, não é difícil ligar o comunicado que o Twitter divulgou nesta sexta-feira à utilização que Donald Trump faz desta rede social e dos constantes apelos para que a conta do Presidente dos EUA seja suspensa por violação de regras como o discurso de ódio. O que deve o Twitter fazer? A empresa descarta remover a conta de qualquer líder político. Ou seja, admite uma discriminação positiva destes utilizadores.
Falando acerca da “discussão sobre figuras políticas e líderes mundiais no Twitter”, a rede social defende que “bloquear um líder mundial” ou “remover os seus tweets controversos iria ocultar informação importante que as pessoas devem poder ver e debater”. “Também não iria silenciar esse líder, mas certamente iria prejudicar o debate necessária em torno das suas palavras e acções”, lê-se no comunicado.
O Twitter garante também que está “aqui para servir e ajudar na evolução da conversa pública e global”. “Os líderes mundiais eleitos têm um papel crítico nessa conversa por causa do seu impacto generalizado na nossa sociedade”, explica-se ainda.
“Nós revemos os tweets feitos por líderes dentro do contexto político que os define, e impomos as nossas regras em conformidade. Nenhuma conta está na base do crescimento do Twitter, ou influencia estas decisões. Trabalhamos arduamente para permanecermos imparciais com o interesse público em mente”, sublinha a mesma nota.
É fácil perceber que o principal destinatário desta mensagem são aqueles que exigem o bloqueio da conta do Twitter de Donald Trump, que tem sido o principal veículo de comunicação do Presidente dos EUA desde que tomou posse e os seus tweets uma das maiores fontes de polémica e controvérsia relacionadas com a sua governação.
Por isso mesmo, a tomada de posição da rede social gerou já algumas opiniões divergentes. No próprio Twitter, há já quem leve as analogias ao limite, para demonstrar que a decisão da empresa está errada: “Então, a política do Twitter bloqueia nazis na Alemanha, mas teoricamente não bloquearia, digamos, o Hitler”, escreve um utilizador.
Por outro lado, o jornalista Mathew Ingram escreve um artigo de opinião no Columbia Journalism Review, onde argumenta que, para além de os tweets de Trump serem declarações oficiais do Presidente dos EUA, o que os reveste de valor noticioso, as tomadas de posição de Trump na rede social providenciam um “olhar em directo sobre a mente e a psique do Presidente”. “Pode ser um lugar obscuro, e olhar para isso repetidamente pode destruir almas e se depressivo por um sem número de razões, mas continua a ser valioso ter esses pensamentos em público, onde os possamos ver”.