Tempestade Ana: um morto, dois feridos e centenas de árvores derrubadas

Vítima foi uma mulher de 45 anos, atingida pela queda de uma árvore quando seguia de carro. Protecção Civil contabilizou a queda de 389 árvores.

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Paulo Pimenta
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Uma mulher de 45 anos morreu neste domingo à tarde, em Marco de Canaveses, atingida pela queda de uma árvore quando circulava no seu automóvel numa estrada nacional da região. O acidente foi motivado pelos ventos fortes que, durante todo o dia, atingiram o país e em particular o Litoral Norte, devido à passagem da tempestade Ana. Ao início da noite de domingo, a Protecção Civil tinha já contabilizado mais de 400 ocorrências, sobretudo quedas de árvores, mas o período crítico aconteceu durante esta madrugada.

O automóvel em que seguia a vítima mortal da tempestade de domingo foi atingido por uma árvore de grande porte. Segundo fonte dos bombeiros de Marco de Canaveses, a mulher de 45 anos ficou encarcerada no interior da viatura e morreu no local.

Atrás de si, seguia um outro automóvel com dois ocupantes, que embateu no carro da vítima. Do embate resultaram ferimentos ligeiros para essas duas pessoas. Uma das vítimas foi transportada para o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa para receber tratamento, enquanto a outra foi assistida numa ambulância no local.

O acidente mortal deu-se cerca das 17h20 e obrigou ao corte da Estrada Nacional 211, na localidade de Freixo, concelho de Marco de Canaveses. Para o local foram mobilizadas dez viaturas e 29 efectivos da Protecção Civil.

Alerta vermelho

Até ao final da tarde de domingo, o site da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) contabilizou mais de 400 ocorrências relacionadas com meteorologia adversa ao longo do dia em Portugal continental. Mais de metade desses incidentes dizia respeito a três distritos do Litoral Norte: Braga (88 ocorrências), Porto (83) e Aveiro (53). Estes eram três dos oito distritos em alerta vermelho durante o dia devido à passagem da tempestade Ana.

Num balanço feito ao início da noite, o adjunto nacional de protecção e socorro da ANPC, Luís Belo Costa, anunciou que a chuva e o vento fortes provocaram sobretudo a queda de árvores, num total de 389 incidentes deste género. Foram ainda registadas pela Protecção Civil 37 inundações e 92 quedas de estruturas.

Com o aproximar do final do dia, o número de ocorrências registadas pela ANPC foi subindo significativamente. De resto, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já tinha anunciado que era esperado que o período mais crítico dos efeitos da tempestade Ana sobre Portugal continental acontecesse durante a madrugada, prolongando-se até às 6h de hoje.

EDP e PT reforçam as equipas

A tempestade obrigou empresas como a EDP e a PT a reforçar as suas equipas para fazer face a possíveis cortes no serviço. A empresa de fornecimento de energia declarou o “estado de alerta” a norte do Tejo, “reduzindo ao mínimo” todas as actividades de rotina que estavam programadas, anunciou num comunicado.

Por seu turno, a empresa de telecomunicações colocou mais de 100 operacionais de prevenção e pôs no terreno cerca de uma dezena de unidades móveis temporárias e mais de duas dezenas de telefones-satélite para dar resposta rápida a eventuais quebras do serviço. Durante a tarde, os técnicos da PT tiveram de intervir para repor as comunicações no distrito de Coimbra.

A tempestade Ana passou a noroeste de Portugal, não atingindo verdadeiramente o território continental. Desde a manhã de domingo, trouxe consigo ventos fortes e precipitação intensa, mas também forte agitação marítima e possível queda de neve nos pontos mais altos do território.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera emitiu um aviso vermelho para oito distritos do país por causa do vento que soprará com rajadas até aos 110 quilómetros à hora, podendo chegar aos 130 quilómetros à hora nas terras altas das regiões norte e centro.

Ana foi a primeira tempestade a ser baptizada através de um projecto de denominação conjunto de Portugal (através do IPMA), de Espanha (AEMET) e de França (MéteoFrance), que está em vigor desde o início deste mês. O primeiro dos três países a accionar um alerta laranja ou vermelho unicamente em relação ao vento, dá o nome à tempestade – neste caso, foi Espanha que “baptizou” a tempestade.

O impacto no país vizinho foi significativo, sobretudo na Galiza. Entre as 8h e as 17h de domingo foram registadas 261 ocorrências nesta comunidade autónoma espanhola, todas elas relacionadas com a chegada da tempestade. A província de Pontevedra foi a que registou o maior número de incidentes num total de 144. Tal como em Portugal, a larga maioria das ocorrências refere-se a queda de árvores, mas também a estradas interrompidas por inundação, carros destruídos, alagamento de casas e telhados danificados devido às fortes rajadas de vento.

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