Ensino da língua portuguesa na Guiné Equatorial "ainda muito tímido"

Constatação é do deputado português à Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

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Rui Gaudencio

O deputado português à Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Carlos Páscoa defende um maior empenho de Portugal no ensino do português na Guiné Equatorial, que é “ainda muito tímido”.

A Assembleia Parlamentar da CPLP termina nesta terça-feira a sua sétima reunião, que decorre na Assembleia da República, em Lisboa, cujos trabalhos arrancaram com encontros das três comissões especializadas permanentes - Política, Estratégia, Legislação, Cidadania e Circulação; Economia, Ambiente e Cooperação; Língua, Educação, Ciência e Cultura.

O ponto de situação do ensino da língua portuguesa na Guiné Equatorial – um dos compromissos da adesão deste país à CPLP, em 2014 – foi um dos pontos da agenda da reunião da comissão de Língua, Educação, Ciência e Cultura, presidida pelo português Carlos Páscoa (PSD, eleito pelo círculo de fora da Europa).

Em declarações à Lusa, o deputado relatou que a senadora equato-guineense Pilar Djombe Djangani transmitiu que há neste momento um grupo de cem funcionários públicos a aprender a língua portuguesa – que foi adoptada em 2014 como língua oficial da Guiné Equatorial, a par do espanhol e do francês – e que serão formados 20 professores. A senadora referiu que o seu país “tem algumas dificuldades financeiras devido à situação do preço do petróleo”, principal fonte de rendimento da Guiné Equatorial, mas declarou o “empenho total” no ensino do português, adiantou Carlos Páscoa.

Nesta tarefa, a Guiné Equatorial tem contado com um “apoio muito grande da embaixada do Brasil, muito mais do que propriamente de Portugal”, comentou. “Vamos levar essa informação às instituições, como o instituto Camões, para que Portugal também se possa empenhar para colaborar com o ensino do português” na Guiné Equatorial, adiantou Carlos Páscoa.

O deputado, que há uns meses visitou a Guiné Equatorial precisamente para se inteirar do estado da disseminação da língua portuguesa no país, considerou que o trabalho nesta área “ainda é muito tímido”, destacando a necessidade de a CPLP exercer “pressão política para que o ensino do português tenha um investimento maior e chegue a uma quantidade maior de pessoas”.

Ressalvando que “o Governo da Guiné Equatorial tem de ser o primeiro a dar os passos necessários”, Carlos Páscoa sublinhou que, na reunião da comissão, “houve uma demonstração unânime da predisposição de todos em apoiar” aquele país.

Outro assunto abordado durante a reunião foi a implementação do programa Pessoa, que pretende promover o intercâmbio estudantil entre os países da CPLP. Carlos Páscoa comentou que a secretária de Estado do Ensino Superior portuguesa, Maria Fernanda Rollo, participou na reunião e deu um parecer técnico de como se poderá avançar para aplicar este projecto.

A abertura da VII Assembleia Parlamentar da CPLP, subordinada ao tema “O reforço dos laços institucionais entre os Parlamentos”, contou com intervenções do presidente da Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues; do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva; da secretária-executiva da CPLP, Maria do Carmo Silveira, e do chefe da delegação brasileira, deputado Átila Lins, em representação do presidente da AP-CPLP.

Os trabalhos prosseguem nesta terça-feira, com intervenções de representantes dos nove parlamentos sobre o tema do encontro, e terminam com uma declaração final da reunião.