PS contra PS na suspensão de militantes

Cartas enviadas a militantes que concorreram em listas contra o PS nas autárquicas originam protestos nas redes sociais

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NFS Nuno Ferreira Santos
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Foi deputado até à última legislatura, dirigente da federação distrital de Braga do PS, membro da comissão nacional do partido e presidente da Assembleia Municipal de Terras do Bouro, mas nem assim Ricardo Gonçalves deixou de criticar a opção da direcção nacional socialista de levantar processos com vista à suspensão de militantes que concorreram contra as listas do partido nas últimas autárquicas.

Na sua página do Facebook, Ricardo Gonçalves escreveu este sábado que "a situação é muito má" e derivou da "falta de democracia interna" revelada na gestão das candidaturas autárquicas. "A direcção nacional do PS suspendeu 320 militantes por terem participado em listas independentes nas últimas eleições autárquicas. Grande parte destes militantes são do distrito de Braga, que no tempo em que fui dirigente do secretariado da federação, eram (e são) dos melhores militantes do PS", escreve o deputado. "Nas últimas eleições", continua, "foram em listas independentes, porque muitos deles foram empurrados pela direcção do PS para tal situação por falta de democracia interna e para impedir a sua participação nos próximos actos eleitorais internos".

Para Ricardo Gonçalves "é muito má está situação, pois o importante é o PS ser um projecto político democrático, plural, nacional e europeu". Os comentários sucederam-se, inflamados. "Ou se é militante ou não. Com a respectiva disciplina e regras aceites e assumidas. Militância à la carte não existe", registou um dos amigos do ex-deputado. "Claro! E não se ser militante não significa que não se tenha ideias socialistas", reagiu outro. "Gostava de saber porque não expulsaram o Manuel Alegre que concorreu contra o candidato do PS, Mário Soares", questionou-se um terceiro.

"Dantes tudo isso podia ser simples mas hoje, com tantas candidaturas independentes, e há razões diferentes para cada uma, temos de usar nalguns casos a suspensão temporária em vez da expulsão", tentou resumir Ricardo Gonçalves. 

Na verdade, o PS ainda não suspendeu nenhum militante, mas tal como o PÚBLICO noticiou esta semana, já foram enviadas cartas a mais de 300 socialistas que concorreram em listas independentes contra o próprio partido.

Em declarações ao PÚBLICO, o dirigente socialista com o pelouro da organização, Hugo Pires, reconheceu que “as pessoas são livres”, mas argumentou que “os militantes do PS têm direitos e deveres, que não foram cumpridos" neste caso. “Foi uma má prática e a direcção não pode deixar passar em branco”, concluiu.

 

 

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