Email recebido por vice-primeira-ministra põe em risco a continuidade do Governo irlandês

O partido que sustenta a frágil maioria no poder vai avançar com uma moção de censura por Frances Fitzgerald não ter sido demitida, depois de se descobrir que esta estava ao corrente de um esquema para descredibilizar um sargento da polícia.

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Leo Varadkar foi conduzido para o cargo de primeiro-ministro depois de conquistar a liderança do seu partido em Junho Reuters/CLODAGH KILCOYNE

O Governo irlandês liderado pelo primeiro-ministro Leo Varadkar está prestes a colapsar. A divulgação de um email enviado em 2015 para a vice-primeira-ministra, Frances Fitzgerald, fez com que o partido da oposição que sustenta a frágil maioria do executivo perdesse a confiança política no parceiro e apresentou uma moção de censura. O Governo irlandês poderá assim não chegar ao fim-de-semana e avistam-se já eleições antecipadas.

Varadkar foi conduzido ao cargo de primeiro-ministro, ou Taoiseach, da República da Irlanda no início de Junho depois de ter sido eleito líder do partido democrata-cristão Fine Gael, sucedendo a Enda Kenny, que abdicou da liderança partidária e governamental em Maio. Apesar de a sua chegada ao poder ter gerado grande esperança numa mudança social e política na República da Irlanda, a missão de Varadkar antecipou-se espinhosa por ser obrigado a unir o seu partido, por um lado, e por outro manter a frágil maioria governamental que é sustentada pelo apoio do partido conservador Fianna Fáil desde as eleições gerais de 2016. E foi um email que quebrou essa ligação.

No centro desta situação está a vice-primeira-ministra, Frances Fitzgerald, e um email que esta recebeu em 2015 quando ainda ocupava o cargo de ministra da Justiça. Esta mensagem aparenta confirmar que Fitzgerald estava ao corrente de um esquema para descredibilizar Maurice McCabe, sargento da polícia irlandesa, a Garda Síochána, que durante anos foi denunciando actos de corrupção e de negligência no seio da força policial. Estas acusações levaram à abertura de uma investigação através da chamada comissão O’Higgins iniciada em Fevereiro de 2015.

Perante esta situação, o Fianna Fáil exigiu a demissão de Fitzgerald. Caso não acontecesse, o partido garantiu que apresentaria uma moção de censura.

Varadkar convocou já na noite desta quinta-feira uma reunião com os parlamentares do seu partido onde, segundo é noticiado pela comunicação social irlandesa, esclareceu que se iria manter ao lado da sua vice-primeira-ministra, assegurando que não a iria demitir e que não iria aceitar um eventual pedido de demissão. Além disso, os deputados votaram de forma unânime uma moção prestando apoio à governante.

Segundo o Irish Times, o Fine Gael já tem marcado um conselho executivo para a próxima semana para começar a preparar as eleições antecipadas e discutir a melhor altura para as realizar. 

Esta situação surge também semanas antes de uma cimeira na União Europeia em que a Irlanda tem o poder de veto efectivo sobre a continuidade das negociações do "Brexit", pois cabe ao Governo irlandês confirmar se as preocupações de Bruxelas relativamente ao futuro da fronteira irlandesa foram cumpridas.

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