Ambientalistas dizem que Portugal é o país europeu com mais herbicida potencialmente cancerígeno
Conclusões do estudo surgem antes de votação sobre o prolongamento da licença de utilização do glifosato durante cinco anos.
Esta quinta-feira, os países da União Europeia irão votar a proposta da Comissão Europeia para prolongar por cinco anos a licença de utilização do glifosato, um herbicida classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como provável causador de cancro nos humanos. A actual licença de uso na Europa caduca a 15 de Dezembro. As associações ambientalistas estão contra e citam um estudo que encontrou níveis de glifosato nas amostras recolhidas em solos agrícolas portugueses muito acima da média.
O prazo de extensão apresentado pela Comissão Europeia (cinco anos em vez de dez) já é uma redução resultado da avaliação de risco feita pelo Parlamento Europeu – que defendeu igualmente a proibição de quaisquer utilizações de glifosato em parques públicos, parques infantis e jardins públicos, ou nas suas imediações. Inicialmente, a votação estava marcada para 25 de Outubro, mas foi adiada devido a elevada possibilidade de ser chumbada pelos Estados-membros.
Em Portugal, 11 associações ambientalistas e agrícolas portuguesas pedem ao Governo que se junte esta quinta-feira aos países que vão votar contra a proposta da Comissão Europeia. No entanto, o Ministério da Agricultura quer guardar a sua posição para o momento da votação, detalha a TSF. No passado, Portugal absteve-se, tal como a Alemanha. Segundo o Le Monde, o Reino Unido e a Espanha são os países mais a favor da renovação da licença, enquanto do lado oposto da barricada estão a França (que não quer uma extensão superior a três ou quatro anos), a Itália, a Bélgica e a Áustria.
Para que uma proposta da Comissão Europeia seja aprovada ou rejeitada, é necessária uma maioria qualificada de 55% dos Estados-membros, que representem 65% da população da União Europeia.
Os argumentos das associações ambientalistas portuguesas citam o estudo publicado na revista académica Science of the Total Environment, conta a TSF. A equipa internacional de investigadores envolvida encontrou níveis de glifosato em zonas vinícolas na Bairrada.
Cita a TSF que das 17 amostras recolhidas em solo nacional, 53% tinham o herbicida, muito mais do que o segundo país mais contaminado, França, onde foram detectadas em 30% das superficíeis. Os especialistas ressalvam que este estudo não representa todo o solo português, mas apresenta números preocupantes.