Principal adversário de Centeno confirma interesse na presidência do Eurogrupo

Momento da decisão na escolha da nova liderança do Eurogrupo aproxima-se. O ministro eslovaco Peter Kazimír e Mário Centeno estão entre os potenciais candidatos.

Mário Centeno com o ainda presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem
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Mário Centeno com o ainda presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem LUSA/STEPHANIE LECOCQ
O ministro das Finanças eslovaco Peter Kazimír com seu homólogo luxemburguês Pierre Gramegna
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O ministro das Finanças eslovaco Peter Kazimír com seu homólogo luxemburguês Pierre Gramegna LUSA/STEPHANIE LECOCQ
O espanhol Luís de Guindos com Mário Centeno
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O espanhol Luís de Guindos com Mário Centeno Reuters/YVES HERMAN

O ministro das Finanças eslovaco assumiu esta segunda-feira estar interessado em ser o próximo presidente do Eurogrupo, um cargo para o qual Mário Centeno tem colocado, durante os últimos meses, a hipótese de se candidatar.

“Estou interessado em tornar-me presidente do Eurogrupo, mas não sou ainda candidato”, afirmou Peter Kazimír, à chegada à reunião do Eurogrupo que se realiza esta segunda-feira.

A declaração do ministro eslovaco surge num momento em que se entra na fase decisiva do processo de substituição de Jeroen Dijsselbloem à frente do órgão que reúne os ministros das Finanças dos países da zona euro. O holandês, no cargo desde 2013, irá sair em Janeiro, depois de o seu partido ter perdido o lugar que tinha no governo do seu país.

A escolha do novo presidente do Eurogrupo está agendada para o dia 4 de Dezembro, a data da próxima reunião deste órgão. Nesta altura ainda nenhum dos actuais ministros das Finanças se apresentou oficialmente como candidato, mas vários nomes têm vindo a ser falados como hipótese, incluindo Mário Centeno.

O ministro das Finanças português – que tem repetidamente mostrado disponibilidade para uma eventual candidatura – surge em Bruxelas com a vantagem de pertencer a um dos poucos  governos socialistas proveniente de um país de pequena dimensão. No actual cenário de distribuição de cargos na União Europeia, que se pretende equitativo entre as duas grandes forças políticas (Socialistas e PPE), os países com lideranças políticas à direita estão em vantagem e, por isso, na substituição de Dijsselbloem (que também é proveniente do grupo socialista europeu) pode ser dada prioridade a um novo candidato vindo da esquerda. O jornal Politico.eu escrevia esta segunda-feira relativamente a Centeno que o seu principal ponto forte era ser proveniente do “governo socialista mais bem sucedido da Europa”.

O facto de ser de um país de pequena dimensão também pode, neste caso, ser uma vantagem, uma vez que, tendo em conta o papel pouco popular que o Eurogrupo desempenhou durante a crise do euro, parece pouco provável que a Alemanha queira, ou assumir a presidência, ou permitir que países como a França ou a Itália o façam.

As mesmas vantagens que Centeno tem, também o ministro das Finanças eslovaco as apresenta. Peter Kazimír faz igualmente parte de um governo socialista de um país pequeno e, para além disso, ao contrário do que aconteceu com Portugal, a Eslováquia nunca esteve entre os países incumpridores das regras e que estiveram sujeitos a um programa de resgate.

Por outro lado, Kazimír assumiu durante a crise uma posição bastante crítica de países como a Grécia, colocando-se sempre ao lado da facção mais dura do Eurogrupo, liderada pelo alemão Wolfgang Schäuble. Este facto pode trazer-lhe apoios à direita, mas retirá-los à esquerda, que tenta que se assista a uma mudança de política efectiva económica na zona euro.

Outro candidato várias vezes referido – e que até já foi candidato à presidência do Eurogrupo conta Dijsselbloem – é o ministro espanhol Luís de Guindos. No entanto, dois factores dificultam esta possibilidade. Guindos é de um governo da direita europeia e parece neste momento estar mais interessado na possibilidade de vir a substituir Vítor Constâncio como vice-presidente do BCE em Maio de 2018.

Outras hipóteses são, por exemplo, o ministro luxemburguês Pierre Gramegna – da família europeia liberal, mas com a desvantagem de o Luxemburgo já ter a presidência da Comissão Europeia – e o ministro francês Bruno Le Maire – que podendo ser a primeira demonstração prática de força de Emanuel Macron, teria o grande problema de colocar à frente do Eurogrupo alguém de um país que muitos consideram estar a ser alvo de um tratamento privilegiado em Bruxelas.

E, como é hábito em Bruxelas, há sempre a possibilidade de, depois de recusados os primeiros candidatos, surgir na última hora a solução alternativa, de quem ninguém estava à espera. 

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