Produção da sexta temporada de House of Cards está suspensa
Acusação de assédio sexual de um menor a Kevin Spacey obriga Netflix a parar a produção.
Pausa em House of Cards, até “nova ordem”. Bastaram dois dias para a Netflix e a Media Rights Capital decidirem suspender a produção da sexta (e última) temporada da popular série de bastidores da política americana protagonizada pelo actor Kevin Spacey, acusado de assédio sexual a um menor nos anos 1980.
Os estilhaços do caso, vindo a público no domingo, quando o actor Anthony Rapp acusou Spacey de assédio aos 14 anos, chegam agora à bem-sucedida série da Netflix, que vive duplamente à volta de Spacey – o reputado actor não só interpreta a maquiavélica personagem principal, Frank Underwood, como divide a produção executiva de House of Cards com David Fincher.
Já se sabia que a sexta temporada seria a última e, agora, perante as alegações de assédio sexual, foi decidido suspender os trabalhos, interrompendo as filmagens em curso há poucas semanas, para que a Netflix e a Media Rights Capital ganhem tempo “para analisar a situação actual e resolver quaisquer preocupações” do elenco e da restante equipa.
A informação foi confirmada na terça-feira num comunicado conjunto da Netflix e da Media Rights Capital, que produz o popular drama político, construído a partir de uma minissérie britânica dos anos1990 com o mesmo nome.
Na sequência de outros casos de abuso ou assédio que foram sendo denunciados nas últimas semanas em relação a figuras públicas em vários países, Anthony Rapp, actor da série Star Trek: Discovery, contou o que se terá passado quando tinha 14 anos. O actor, hoje com 46, acusa Spacey, de 58 anos e então com 26, de o ter tentado seduzir e de ter procurado deitar-se sobre o menor. Os dois trabalhavam na Broadway e tudo se terá passado no final de uma festa na casa de Spacey, já sem outros convidados.
Perante a acusação divulgada no site Buzzfeed, o protagonista de House of Cards veio publicar uma nota no Twitter. Pediu desculpas a Rapp, assumiu a homossexualidade e disse estar ele próprio “horrorizado” com o relato, afirmando que não se recordar da situação. “Honestamente, não me lembro do encontro, terá sido há mais de 30 anos. Mas se me comportei como ele descreve, devo-lhe as desculpas mais sinceras por o que teria sido um comportamento bêbado profundamente inapropriado”, escreveu nessa nota.
As denúncias de assédio sexual que há poucas semanas vieram a público sobre o produtor americano Harvey Weinstein encorajaram outras pessoas a denunciar casos semelhantes de abuso por parte de outras figuras públicas. Um dos casos polémicos ganhou expressão no Reino Unido, onde se ficou a saber da conduta imprópria apontada ao secretário adjunto para o Comércio Internacional, Mark Garnier, que em 2010 terá usado expressões brejeiras de cariz sexual com uma secretária, a quem pediu que lhe comprasse brinquedos sexuais.