Acções dos CTT afundam 21,7% após divulgação dos resultados trimestrais
Com lucros menores, a administração propõe cortar nos dividendos a distribuir aos accionistas em 2018. Mercado penalizou os títulos, que perderam um quinto do seu valor na sessão de hoje
A cotação dos CTT no PSI-20, que logo às primeira horas da manhã enfrentou uma forte queda, encerrou a sessão desta quarta-feira a recuar 21,68%, para 3,96 euros, no valor mais baixo desde que a empresa liderada por Francisco Lacerda está presente em bolsa.
No arranque da sessão, os títulos caíram logo mais de 20%, continuando sem inverter as perdas durante uma sessão em que foram negociados 11,06 milhões de acções dos CTT, o que compara com uma média de 428 mil títulos transaccionados nas cinco sessões anteriores.
Este desempenho foi a primeira reacção dos investidores bolsistas aos resultados trimestrais apresentados na terça-feira ao final da tarde. Apesar de registar um ligeiro acréscimo de 0,2% nas receitas, a empresa de correios teve uma quebra homóloga de 57% nos lucros nos nove primeiros meses do ano, para 19,5 milhões de euros, quando no mesmo período de 2016 conseguira um resultado líquido de 46 milhões.
A influenciar a trajectória negativa das acções está o anúncio de que o conselho de administração vai propor um corte nos dividendos a distribuir em 2018 aos accionistas relativamente ao exercício de 2017, prevendo-se agora o pagamento de cerca de 38 cêntimos por acção, em vez dos 48 cêntimos previstos anteriormente.
O comportamento dos CTT contrasta com a trajectória das restantes cotadas do PSI-20, que fechou uma descida ligeira, de 0,68%, para 5.438,62 pontos. As maiores valorizações foram da Pharol (mais 5,63%) e da Mota-Engil (mais 4,35%). Além dos CTT , a maior desvalorização foi da Ibersol (menos 1,73%) perdas - além dos CTT - foram a Ibersol.
Apesar de esta quarta-feira, 1 de Novembro, ser feriado em Portugal e alguns outros Estados europeus, os mercados negociaram na praça lisboeta, assim como no resto da bolsas da Europa, EUA e Ásia.
Os resultados dos CTT
Nos resultados agora conhecidos, os CTT anunciaram que a subida marginal de 0,2% nas receitas de Janeiro a Setembro reflectem “alguma substituição de rendimentos de correio e de serviços financeiros por crescimento dos segmentos de Expresso e Encomendas e Banco CTT, o que coloca pressão na estrutura de custos”.
Outro factor que a administração diz ter colocado “pressão” nos resultados tem a ver com a compra da Transporta – Transportes Porta a Porta, pelo processo de reestruturação e integração no grupo. O negócio ficou concluído em Maio e aí a gestão da empresa foi integrada no segmento de Expresso e de encomendas dos CTT.
O tráfego do correio endereçado desceu nesses nove meses 6,1% (e 7,2% no terceiro trimestre, de Julho a Setembro), caindo a “um ritmo mais forte que o limite máximo esperado” pela administração.
Já o tráfego de Expresso e Encomendas teve uma evolução positiva. Segundo os CTT, cresceu 18,4% em Portugal e 24,6% em Espanha, permitindo aqui um aumento de receitas de 10,2% e 17,4%. No entanto, o crescimento do mercado implicou também um aumento dos custos acima do esperado, associados à “utilização limitada da capacidade instalada”.
Quando ao Banco CTT, a empresa sublinha o reforço do segmento do crédito à habitação, “com uma produção de 24,3 milhões de euros no terceiro trimestre, mantendo o forte crescimento do número de clientes (superior a 240 mil)”. Em Setembro, o banco tinha mais de 190 mil contas de depósitos à ordem.