Benfica alvo de buscas por suspeitas de corrupção
Investigação está ligada ao caso dos emails que o Porto Canal tem divulgado. SAD dos "encarnados" encara operação "com a maior normalidade", mas lamenta a demora.
A Polícia Judiciária está a fazer nesta quinta-feira buscas no Benfica que estão relacionadas com o caso dos emails. A notícia foi avançada pela Sábado, confirmada pelo PÚBLICO e depois comunicada pelo Ministério Público. Em causa está um conjunto de emails, revelados pelo director de comunicação do FC Porto na estação televisão detida pelos "dragões", o Porto Canal, que indiciam uma alegada promiscuidade do clube da Luz com árbitros.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa emitiu um comunicado, ao final da manhã, em que informa que “foram emitidos mandados de busca domiciliária e não domiciliária, relativos a investigação em curso pelos crimes de corrupção passiva e activa”. “No inquérito investiga-se a prática, por parte de um suspeito, dos referidos crimes, relacionados com os denominados emails do Benfica”, acrescenta.
A operação encontra-se em curso, contando com a presença de quatro magistrados do Ministério Público, dois juízes de instrução e 28 elementos da PJ, incluindo inspectores e peritos financeiros, contabilísticos e informáticos.
Acção “só peca por tardia”
O Benfica também emitiu um comunicado ao final da manhã, confirmando as buscas e lamentando apenas que só agora tenham sido efectuadas. “Estas operações, que pecam por tardias, são encaradas com a maior normalidade pela Sport Lisboa e Benfica SAD, que desde o primeiro momento requereu e disponibilizou-se a fornecer toda a informação necessária a um cabal esclarecimento de toda esta situação”, lê-se na nota das “águias”.
A SAD diz ainda que as buscas ocorreram meia hora depois de noticiadas pela comunicação social.
Na nota, os dirigentes “encarnados” reiteram a sua “total colaboração activa nos trabalhos que estão em curso para o apuramento da verdade”. A SAD do Benfica “reforça o seu apelo a uma rápida e urgente investigação para defesa do seu bom-nome, responsabilização de quem sistematicamente tem cometido diversos crimes e no sentido da normalização institucional do futebol português”. E aproveita para atacar o FC Porto: “a Sport Lisboa e Benfica SAD aguarda que sejam investigados os autores materiais da violação do seu sistema informático, o que, apesar de reiteradamente solicitado, ainda não foi executado”.
Na passada segunda-feira, o porta-voz da equipa de advogados do Benfica, João Correia, já tinha exigido em declarações na Benfica TV, “com “total cobertura do clube”, que o Ministério Público e a PJ verificassem “se aquilo que é divulgado pelo Porto Canal corresponde ou não à realidade.” “É absolutamente essencial que o Ministério Público e a Polícia Judiciária venham aqui a esta casa e verifiquem se aquilo que é divulgado pelo Porto Canal corresponde ou não à realidade”, afirmou.
João Correia pediu também uma “investigação rápida, séria, profunda e rigorosa de toda a matéria que é divulgada sistematicamente às terças-feiras no Porto Canal e que configura a prática de três crimes diferentes: devassa de meios informáticos, violação de correspondência e ofensas e injúrias à honra, imagem e prestígio da pessoa colectiva Sport Lisboa e Benfica, Futebol SAD”.
“Até agora, apesar de apresentação de três queixas-crime, apesar de insistências permanentes junto das entidades judiciárias mais elevadas no nosso país, apesar da insistência junto delas para que promovam investigações e apurem rapidamente tudo o que se passa relativamente ao Benfica, apesar disso tudo… nada, zero. Ou seja, o Benfica não é devedor de nada; no plano jurídico não nos sentimos devedores de nada. Somos credores da investigação”, acrescentou João Correia.
O Porto Canal garante que os emails que tem divulgado são do Benfica, não revelando, porém, como os obteve. O FC Porto, através do seu diretor de comunicação, Francisco J. Marques, acusou o Benfica de influenciar o sector da arbitragem, tendo apresentado alegadas mensagens de correio eletrónico de responsáveis do clube da Luz, nomeadamente de Paulo Gonçalves e Luís Filipe Vieira.