A primeira-ministra britânica poderá remodeler o Governo e afastar o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson. Theresa May sugeriu esta via numa entrevista ao Sunday Times depois de uma semana que lhe correu especialmente mal, com um discurso desastroso no congresso do Partido Conservador marcado por um ataque de tosse e um movimento dentro do partido para a afastar.

Na entrevista, May foi questionada sobre os seus planos para Boris Johnson, que é acusado por alguns no círculo da primeira-ministra de estar a prejudica-la divulgando as suas próprias ideias sobre o modo como o Reino Unido deve sair da União Europeia.  

“Nunca foi o meu estilo não enfrentar um desafio e não vou começar agora”, respondeu May. “Sou [a primeira-ministra] e parte do meu trabalho é assegurar-me de que tenho as melhores pessoas no meu governo, para usar o melhor possível a riqueza de talento que tenho disponível no partido.”

Os comentários de May foram seguidos por um comentário da líder conservadora na Escócia, Ruth Davidson, que disse que os ministros têm a sorte de poder servir no Governo e que esta não deve ser uma questão de “ambição privada”, num comentário dirigido tanto a ministros como a Grant Shapps, que tentou juntar apoio para forçar uma discussão sobre a liderança no partido.

Shapps, antigo vice-presidente dos tories, disse ter o apoio de 30 deputados, o que não é suficiente para um desafio formal à liderança de May.

A primeira-ministra tem perdido autoridade desde que convocou eleições antecipadas em que acabou por perder a maioria no Parlamento. O Sunday Times dizia que três ministros tinham falado da necessidade de a substituir.  

Johnson disse que os que tentavam afastar May da liderança eram “malucos”, mas a publicação de um artigo de opinião com o seu plano para o “Brexit” dias antes de um discurso de May sobre a questão foi visto como, no mínimo, desleal.