Facebook mostrou anúncios falsos com origem russa a mais de dez milhões de pessoas

O objectivo da campanha era dividir os americanos antes das eleições.

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Metade dos anúncios custou menos de três dólares REUTERS/Stephen Lam

Depois de o Facebook admitir que mais de três mil anúncios facciosos com origem russa circularam na rede social nos meses que antecederam as eleições presidenciais nos Estados Unidos, a rede social publicou as primeiras estimativas do alcance da campanha.

Cerca de dez milhões de pessoas nos Estados Unidos viram os anúncios entre Junho de 2015 (altura em que Donald Trump primeiro anunciou a sua candidatura a presidente dos Estados Unidos) e Maio deste ano. Metade dos anúncios custou menos de três dólares cada (apenas 1% dos anúncios superou os 1000 dólares), e 44% das impressões (número de vezes que o anúncio aparece nofeed de notícias de alguém) aconteceram antes de os americanos irem às urnas.

O objectivo era dividir. “A maioria dos anúncios parece focar-se em mensagens sociais e políticas que separam as pessoas, tocando em tópicos sobre LGBT, a raça, problemas com imigração e o direito de porte de armas,” explica o vice-director de política e comunicação do Facebook, Elliot Schrage, num comunicado publicado esta segunda-feira.

A rede social não divulgou detalhes sobre o conteúdo e imagens dos anúncios – que foram entregues ao Congresso norte-americano esta segunda-feira –, mas várias investigações jornalísticas já expuseram alguns exemplos. Alguns anúncios tinham uma mulher negra a disparar uma espingarda sem balas e outros Hillary Clinton por detrás de barras avança o Washington Post. Outros defendiam o movimento Black Lives Matter, que tem denunciado a morte frequente de afro-americanos às mãos da polícia, e criavam falsos grupos de activismo para os partilhar, revela a CNN.

O objectivo parece ser atingir o maior número de pessoas possível. “A segmentação dos nossos anúncios foi criada para mostrar às pessoas anúncios que podem achar úteis, em vez de mostrar a toda a gente anúncios que achem irrelevantes ou irritantes”, referiu Elliot Schrage.

“As eleições de 2016 nos Estados Unidos foram as primeiras com provas amplamente reportadas sobre agentes estrangeiros a tentarem manipular a Internet para influenciar o comportamento dos eleitores”, conclui Schare, no comunicado desta semana. “Agora percebemos melhor como o nosso serviço foi abusado, e vamos continuar a investigar para aprender tudo aquilo que pudermos.”

No sábado, o próprio presidente executivo do Facebook pediu desculpa pela divisão causada pela rede social. "Pela forma como o meu trabalho é usado para dividir as pessoas em vez de as unir, peço perdão", escreveu Mark Zuckerberg, numa publicação no seu perfil do Facebook, durante a festa judaica do Yom Kippur.

Desde a descoberta dos anúncios, o Facebook já implementou algumas mudanças. A empresa vai empregar pelo menos mais mil pessoas na equipa de revisão de anúncios, exigir mais documentação aos anunciantes que queiram comprar anúncios sobre política, e aumentar as restrições à presença de qualquer menção de violência. 

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