O impeachment de Bill Clinton vai ser (outra) série de televisão
Ficção do History Channel vai focar-se no processo de destituição de 1998, que marcou o país e o ambicioso casal, e junta-se à futura temporada de American Crime Story, sobre o caso Lewinsky.
A família Clinton, a divisão de um país e o sumo do escândalo sexual que quase custou a presidência a Bill Clinton continuam a interessar os produtores de TV. Depois de Ryan Murphy ter anunciado que o caso Monica Lewinsky vai ser o tema de uma das futuras temporadas de American Crime Story, o History Channel vai produzir uma mini-série sobre o impeachment de Bill Clinton.
O futuro projecto, que para já teve apenas luz verde e não se encontra sequer em pré-produção, representa desde logo a fome tanto de nostalgia e casos reais por parte dos canais de televisão na actualidade, mas também o desejo de explorar os meandros da vida do casal Clinton numa altura em que Hillary Clinton ainda rememora a derrota nas presidenciais de 2016 - o seu livro What Happened acaba de chegar às livrarias, por exemplo. Um livro é também a base de The Breach, o título da mini-série sobre Clinton para o History Channel, canal responsável por outras ficções presidenciais como Os Kennedys (que acabou por rejeitar no próprio mercado americano) e que tem conhecido sucesso com outras incursões na ficção, como a popular série Vikings.
The Breach: Inside the Impeachment and Trial of William Jefferson Clinton, do jornalista do New York Times Peter Baker, foi um best-seller e serve também de base nos trabalhos noutra série, de dez horas, dedicada a vários presidentes dos EUA no mesmo canal, The Commanders. Mas para já, The Breach será a ficcionalização do caso nascido na Sala Oval e que o mundo acabou por seguir pela televisão em 1998/99, quando uma mentira de Clinton durante um interrogatório formal sobre o seu caso extraconjugal com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky motivou o pedido do seu impeachment, ou seja a sua destituição, e possível queda do poder. Serão seis episódios e o elenco ainda não é conhecido.
O realizador e produtor vai ser R.J. Cutler, responsável pelo documentário The War Room, sobre a campanha eleitoral que resultaria na chegada de Bill Clinton, o candidato democrata que tocava saxofone e que sucederia à mais sisuda presidência de George H. Bush, à Casa Branca. The War Room foi nomeado para os Óscares. Cutler é também autor do documentário sobre a revista Vogue The September Issue ou dos filmes políticos The World According to Dick Cheney e The Perfect Candidate e produtor de títulos como Listen to me Marlon, sobre Marlon Brando.
Um “thriller político” cujo fim já é conhecido e que encontrará como personagens os centrais Bill, Hillary e Monica, mas também o republicano Newt Gingrich ou o procurador Ken Starr. “Passado no dealbar das guerras entre os canais de notícias no cabo e da revolução das redes sociais, The Breach é uma história política notável”, diz Cutler em comunicado. “É a história de origem de como o nosso Governo foi danificado e nunca sarou verdadeiramente. Também é uma história entusiasmante de ambição pessoal e profissional, de enorme arrogância em nome do poder e de peculiaridades pessoais, que juntas quase derrubaram a presidência.”
Bill Clinton foi acusado, no fim dos anos 1990, de “perjúrio” e “obstrução à justiça” por se considerar que mentiu durante a investigação aos seus casos amorosos, com os republicanos a motivar o processo e os democratas a impedir a sua saída através do voto. Foi um dos casos da década e marcou a sociedade e a política norte-americana, mas também a cultura popular e a narrativa em torno do ambicioso e poderoso casal Clinton, que em 2016 tentou regressar à Casa Branca e foi derrotado por Donald Trump.
American Crime Story, de Ryan Murphy, prometeu no início deste ano voltar-se para o caso Lewinsky, mas antes ainda terá duas temporadas sobre o furacão Katrina e sobre a morte do designer de moda Gianni Versace para produzir e suceder ao êxito que foi a sua estreia com O Caso de O.J., transmitido em Portugal na Fox.