O filme dela rendeu 800 milhões, ela recebeu um milhão – em Mulher-Maravilha 2, isso vai mudar
Patty Jenkins deve tornar-se a realizadora mais bem paga de sempre após negociação para a sequela do filme que pôs as super-heroínas no top de Hollywood.
As expectativas em torno de Mulher-Maravilha eram esmagadoras: era o primeiro blockbuster do filão dos super-heróis realizado por uma mulher e o primeiro grande filme do género focado apenas numa personagem em mais de uma década. Os resultados foram elevadores. O filme rendeu 816 milhões de dólares nas bilheteiras mundiais e muitos críticos até gostaram. Mas Patty Jenkins, a sua realizadora, não assinou contrato para a expectável sequela e recebeu apenas um milhão pelo segundo filme mais rentável do ano. Agora, pode tornar-se na cineasta mais bem paga de sempre.
A notícia foi avançada na segunda-feira pela revista Variety, que tem acompanhado de perto os preparativos da Warner e da DC Studios para o segundo filme Mulher-Maravilha. Várias das suas fontes indicam que o valor dos honorários da cineasta se aproximará, desta vez, dos oito milhões de dólares (6,6 milhões de euros), “tornando-a a realizadora mais bem paga de todos os tempos”, escreve a revista norte-americana.
Jenkins, que tem em Mulher-Maravilha a sua segunda longa para cinema depois do oscarizado Monstro, com Charlize Theron, vai realizar, escrever e produzir a sequela. A estreia está já marcada para 13 de Dezembro de 2019 e o filme voltará a ser protagonizado por Gal Gadot. O negócio está fechado e detalha outra importante fatia dos rendimentos dos profissionais de Hollywood, as percentagens que lhes são devidas dos resultados de bilheteira. Desta feita revistas e aumentadas para melhor compensar a responsável do filme, que está a trabalhar no guião com Geoff Johns.
Mulher-Maravilha, sobre a personagem criada há 76 anos no âmbito do chamado universo DC (a Marvel é a sua congénere e igualmente poderosa – ainda que mais rentável – no reino dos comics e sua transposição para o audiovisual), já se prenunciava um filme de recordes. Não só por ter tido resultados bombásticos nas bilheteiras (algo em que o Verão de 2017 não foi particularmente rico), só suplantados pelos de A Bela e o Monstro. Mas também por ser à partida um filme com um orçamento de 150 milhões de dólares (123 milhões de euros), dando à sua realizadora o posto de segunda mulher a dirigir um filme com um orçamento superior a 100 milhões de dólares (a primeira foi Kathryn Bigelow, com K-19, por seu turno a única mulher até hoje distinguida com um Óscar de Realização por Estado de Guerra). Agora, a sua sequela baterá também um recorde, o dos honorários das mulheres que dirigem filmes, sector onde há comprovadas desigualdades.
A Hollywood Reporter admite mesmo que os honorários de Jenkins possam chegar aos nove milhões de dólares, detalhando o que também o site Vulture, da New York Magazine, assinala: que Patty Jenkins lutou por ter um ordenado semelhante ao do realizador Zack Snyder na realização de Homem de Aço, outro filme do mesmo universo baseado numa só personagem DC. Em 2016, só 7% dos 250 filmes mais rentáveis foram realizados por uma mulher, concluiu o estudo anual Celluloid Ceiling, do Center for the Study of Women in Television and Film da Universidade de San Diego.
Há menos dados sobre o que é pago aos realizadores do que por exemplo aos actores, em relação aos quais o tema da diferença de salários é mais mediático. Mas os dados do Departamento do Trabalho dos EUA mostram que, em 2014, as mulheres que trabalhavam no sector das artes, entretenimento, desporto e média ganhavam apenas 85% do que auferiam os seus congéneres masculinos. Melissa Silverstein, responsável pelo site Women and Hollywood, dizia há meses à ABC esperar que a Mulher-Maravilha pudesse pôr neste Verão "o último prego no caixão” no que toca à relação desequilibrada entre a rentabilidade de um filme e o ordenado da respectiva realizadora.