Líder do BE quer desdobramento dos escalões do IRS entre 7000 e 40 mil euros

O Bloco de Esquerda tem dito que é preciso recuperar a progressividade do IRS criando mais escalões.

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Catarina Martins esteve em Torres Novas LUSA/NUNO VEIGA

O Bloco de ESquerda (BE) quer um desdobramento dos dois escalões actuais do IRS que abrangem rendimentos entre 7000 e 40 mil euros brutos anuais, disse hoje a coordenadora nacional do partido, Catarina Martins.

O Bloco de Esquerda tem dito que é preciso recuperar a progressividade do IRS criando mais escalões. É, aliás, um compromisso que está no acordo assinado em novembro de 2015 com o PS e que é preciso pôr em prática”, disse Catarina Martins em Torres Novas, no distrito de Santarém, no final de um encontro do partido no qual foi assumida uma agenda local pela igualdade e pelo combate à violência contra as mulheres.

A líder bloquista precisou que, na negociação do Orçamento do Estado para 2018, o partido propõe a criação de dois novos escalões no IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas singulares), para que o escalão que actualmente se situa entre os 7000 e os 20 mil euros seja dividido num escalão entre os 7000 e os 12.500 euros e noutro dos 12.500 aos 20 mil.

O outro escalão a ser criado deverá partir o actual escalão que se situa entre os 20 mil e os 40 mil euros, criando um entre os 20 mil e os 30 mil euros e outro entre os 30 mil e os 40 mil euros.

“Sabemos que as pessoas que ganham anualmente de rendimento bruto até 30 mil euros são aquelas que tiveram maior aumento de impostos com Vítor Gaspar, ou seja, tiveram aumentos de impostos de mais de 150%. Proporcionalmente ao que ganham, foram as que mais perderam com o enorme aumento de impostos do PSD e do CDS”, afirmou.

Catarina Martins afirmou que o BE “tem feito propostas concretas para efectivar mais escalões de uma forma faseada”, uma vez que o Governo “considera que é complicado fazer tudo num só orçamento”.

“É importante começar a haver propostas concretas em cima da mesa sobre como é que há alívio fiscal do próximo Orçamento do Estado. O Bloco de Esquerda julga que é o momento também de outros partidos fazerem propostas concretas”, acrescentou.

Para a líder bloquista, uma baixa de impostos nos escalões que correspondem a salários entre os 800 e os 1500 euros mensais, que sofreram o “gigantesco aumento de impostos” durante o Governo PSD/CDS, terá “um efeito positivo nos rendimentos do trabalho também em escalões daí para cima”.

A greve dos juízes

Sobre a greve dos juízes, a coordenadora do Bloco de Esquerda disse esperar que haja “ponderação” na negociação em curso. “Existe um processo negocial em curso. Espero que todas as partes tenham a ponderação necessária, face à gravidade da situação, de encontrar as melhores soluções”, disse Catarina Martins no final de um encontro no qual foi aprovado um compromisso dos candidatos do partido às eleições autárquicas de 1 de Outubro para a criação de municípios “livres de violência de género”.

Não comentando o anúncio de uma greve por parte dos juízes, a líder bloquista apenas afirmou que o “processo negocial em curso” deve “ser respeitado” e “fazer o seu caminho”.

Na sexta-feira, a Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) marcou uma greve para 3 e 4 de Outubro, paralisação que vai servir para demonstrar o protesto dos juízes por o Governo se “mostrar intransigente” nas negociações para a revisão do estatuto dos magistrados judiciais.