Scaramucci demitido de director de comunicações da Casa Branca

Investidor nova-iorquino durou dez dias no cargo. Afastamento terá sido feito a pedido do novo chefe de gabinete de Donald Trump.

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Reuters/Jonathan Ernst

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afastou Anthony Scaramucci do cargo de director de comunicações da Casa Branca, que este ocupou durante apenas dez dias.

A decisão, segundo três fontes citadas sob anonimato pelo jornal The New York Times, foi tomada pelo Presidente a pedido do seu novo chefe de gabinete John F. Kelly, que tomou posse esta segunda-feira.

Em comunicado, a actual secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, confirmou a notícia, dizendo, no entanto, que Scaramucci "sentiu que era melhor conceder ao chefe de gabinete John Kelly uma folha em branco e a possibilidade de este construir a sua própria equipa".

"Desejamos-lhe o melhor", lê-se.

Mais tarde, e no briefing diário na Casa Branca, Sanders acrescentou que Trump "certamente sentiu que os comentários de Anthony eram inapropriados" e que Scaramucci não tem neste momento nenhum cargo no Governo. 

Scaramucci, um investidor vindo de Wall Street, causou polémica por declarações proferidas durante um telefonema com um jornalista da revista New Yorker, em que usava linguagem grosseira. Dizia que o anterior chefe de gabinete, Reince Priebus, era “um paranóico esquizofrénico” e, em tom agressivo, ameaçava “eliminar” todos os que interferissem com os seus interesses (que, acredita, coincidiam com os interesses nacionais).

Na origem desta linguagem estaria o desagrado com uma informação transmitida ao jornalista por alguém da Casa Branca, o que fez Scaramucci lançar-se numa campanha de perseguição contra quem passava informação à imprensa. “O que eu quero é matar a porra de todos os delatores e encarreirar a agenda do Presidente para que possamos trazer sucesso ao povo americano”, declarou. Como não pediu ao jornalista que a conversa fosse off-the-record, este relatou-a na totalidade, com todas as metáforas grosseiras e linguagem imprópria usada por Scaramucci. 

O cargo de responsável de comunicações de Trump já passou por quatro directores nos últimos seis meses. A mudança ocorre quando muda também o chefe de gabinete, com o general John Kelly, que até agora dirigia o Departamento de Segurança Interna, a assumir a tarefa de trazer a ordem necessária ao avanço da agenda legislativa do Presidente.

A CNN diz que muitos republicanos esperam que a natureza meticulosa de Kelly, militar de carreira, seja um bónus numa Administração que ao fim de seis meses ainda não conseguiu uma grande vitória legislativa no Congresso. Priebus tinha sido escolhido pelas suas fortes ligações com o aparelho republicano. Com a sua saída, a Casa Branca assume definitivamente o estatuto de ”outsider” reclamado por Donald Trump durante a campanha eleitoral.

As mudanças ocorrem quando os índices de popularidade de Trump continuam a descer para novos mínimos: segundo o site FiveThirtyEight, a taxa de desaprovação do Presidente é de 56,1%, com uma aprovação de apenas 38%. No mesmo período de governação, 193 dias de presidência, os seus antecessores estiveram todos em terreno positivo: Barack Obama com uma aprovação de 53%, George W. Bush com 56%, e Bill Clinton com 45%. Para encontrar algo semelhante a Trump é preciso recuar a Gerald Ford, que em 1975 tinha uma taxa de aprovação menor do que Trump com 35% mas uma taxa de desaprovação menor com 41%.

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