“Manuel Carrilho é irascível, não é um mafioso”, alega o seu advogado

O advogado do antigo ministro da Cultura não negou os insultos dirigidos a Bárbara Guimarães.

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DR/Arquivo

O advogado de Manuel Maria Carrilho lembra-se de como ficou mal impressionado quando assistiu ao episódio em que o antigo ministro da Cultura se recusou a cumprimentar com um aperto de mão, no final de um debate televisivo, o seu adversário eleitoral Carmona Rodrigues, durante a disputa autárquica da Câmara de Lisboa.

Corria o longínquo ano de 2005, e ninguém adivinharia, nem mesmo o advogado Paulo Sá e Cunha, que o antigo governante socialista viria a ter de responder em tribunal mais de uma década depois por violência contra a mulher, a apresentadora Bárbara Guimarães. Não em um mas em dois processos judiciais, a que se somam outras acções desencadeadas por interpostas pessoas ligadas a uma ou a outra parte, que incluem acusações de agressões e de insultos. Uma catadupa de processos, na maioria dos quais Carrilho figura como arguido.

A maioria aguarda desfecho, mas num deles, relacionado com ameaças a uma amiga de Bárbara Guimarães, foi condenado em primeira instância no ano passado. O próprio Carrilho chegou a acusar a apresentadora de violência doméstica, mas sem sucesso: a justiça fez morrer o caso antes de ele poder chegar à barra do tribunal. Preconceito? Paulo Sá e Cunha acha que sim, e falou disso esta quinta-feira de manhã, nas alegações finais de mais um julgamento em que o seu cliente é suspeito de agredir a apresentadora, entre outras coisas. “Crimes hediondos como a violência doméstica ou a pedofilia criam uma simpatia natural pelas alegadas vítimas”, observou o penalista. “Como normalmente não existem testemunhas do sucedido as declarações delas são hipervalorizadas. Existe uma presunção de culpabilidade neste tipo de processos”.

O caso neste momento em discussão em tribunal remonta aos conflitos ocorridos entre o casal já depois de separado, em momentos em que o professor universitário ia a sua casa buscar os filhos para passarem consigo o dia. E envolvem terceiros , amigos da apresentadora que se encontravam presentes e terão agredido ou sido agredidos ou sido insultados por Carrilho, consoante as versões. Paulo Sá e Cunha reconheceu que o seu cliente não constitui, ao contrário de Bárbara Guimarães, uma figura simpática. “É irascível”, admitiu, perante o colectivo de juízes do Campus da Justiça, em Lisboa. “Mas isso não é ser agressivo”, ressalvou, recordando a quantidade de homicidas que aparentam não fazer mal a uma mosca. Não negou porém que o antigo ministro tenha insultado a mulher, como presenciaram algumas testemunhas, chamando-lhe ladra, quando descobriu que não lhe teria devolvido todos os seus bens aquando da separação. “Às vezes vocifera, gesticula, aponta o dedo. Mas está a ser descrito como um Don Corleone português! E ele é um professor universitário – não um mafioso”, assegurou.

As alegações finais prosseguem durante a tarde, tendo o Ministério Público pedido já a condenação do antigo ministro a quatro anos de pena suspensa. 

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