Juros portugueses ficam abaixo da barreira dos 3% e aproximam-se dos de Itália

Desde o dia em que foi anunciado o valor do défice de 2016, as taxas de juro a 10 anos já caíram 1,2 pontos percentuais.

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Mercados estão mais optimistas em relação à dívida portuguesa Reuters/THOMAS PETER

As taxas de juro da dívida pública portuguesa acentuaram esta semana a tendência de descida que registam nos mercados desde que foi anunciado o valor do défice público de 2016 e ficaram esta quinta-feira, pela primeira vez desde Agosto do ano passado, abaixo da barreira dos 3%. Esta descida é ainda mais impressionante porque está a ser feita ao mesmo tempo em que, noutros países da periferia europeia como a Espanha e a Itália, se assiste a uma estabilização das taxas.

De acordo com os dados publicados pela agência Reuters, a meio da tarde desta quinta-feira, a taxa de juro implícita nos títulos de dívida pública a 10 anos de Portugal cifrava-se em 2,986%. Este é o valor mais baixo desde Agosto do ano passado, quando durante um período de três semanas, as obrigações do Tesouro portuguesas apresentaram taxas abaixo de 3%.

A tendência de descida que agora se verifica iniciou-se a partir do dia 23 de Março deste ano, quando as taxas de juro a 10 anos chegaram a um pico de quase 4,2%. Na manhã do dia seguinte, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou os dados oficiais para as contas públicas, confirmando aquilo que o Governo vinha dizendo já há algumas semanas: o défice tinha ficado em 2,1% em 2016 (o valor foi depois revisto para 2%). A partir daí, as taxas começaram a descer.

Durante as semanas seguintes, a melhoria foi quase sempre constante, animada com mais notícias positivas, como o anúncio de um crescimento do PIB de 2,8% no primeiro trimestre de 2017 ou a recente recomendação da Comissão Europeia de saída de Portugal do procedimento por défice excessivo.

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Durante este período de dois meses e meio, o rumo das taxas de juro portuguesas foi claramente distinto do de outros países da chamada "periferia da zona euro", como a Espanha ou a Itália. Enquanto as taxas a 10 anos portuguesas registaram uma queda de aproximadamente 1,2 pontos percentuais, as de Espanha não diminuíram mais do que 0,16 pontos percentuais e as de Itália 0,18 pontos.

Durante esta semana, as taxas de juro italianas têm mesmo apresentado uma subida, que as fez passar de 2,097% para 2,246%. A notícia, revelada esta quinta-feira de que a Itália informou a Comissão Europeia de que pretende reduzir o ritmo de redução do défice estrutural dos 0,8 pontos inicialmente previstos para 0,3 pontos, pode ser um dos factores a afectar o desempenho da dívida italiana nos mercados.

O que é certo é que Portugal, apesar de se manter ainda com taxas mais elevadas, aproxima-se claramente dos números da Itália. O diferencial entre os dois países, que no início deste ano era de quase dois pontos percentuais e em Março de 1,7 pontos, está agora reduzido a 0,75 pontos.

Com esta reacção positiva a Portugal, os mercados parecem estar a agir de forma mais rápida do que as agências de rating que têm vindo a manter sem alteração a classificação que atribuem ao país, e que no caso das três maiores agências internacionais está ainda no nível “lixo”.

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