Médicos entregam último apelo a António Costa antes da greve
Estruturas sindicais pedem "intervenção política" ao primeiro-ministro na véspera do início da paralisação dos médicos.
É o último apelo das duas estruturas sindicais dos médicos antes do início da greve nacional de dois dias marcado para esta quarta-feira. Uma delegação de dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (Sim) e da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) entrega esta terça-feira ao final da tarde uma carta ao primeiro-ministro em que alerta para “o conflito aberto pelo Ministério da Saúde” e pede a “intervenção política” de António Costa.
O objectivo é encontrar “urgentemente uma solução que impeça o agravamento crescente do processo de luta em desenvolvimento”, explicam os dirigentes do Sim e da Fnam em nota à comunicação social.
Os dois sindicatos sairam da última reunião com os responsáveis ministeriais, na semana passada, descontentes com as propostas da tutela e mantiveram a intenção de paralisar durante dois dias, antes da visita do Papa. Os dirigentes sindicais reclamam a redução do número máximo de horas na urgência, querem a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias e ainda a redução do número de utentes por médico de família.
Esta segunda-feira, a direcção nacional da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar expressou publicamente a sua solidariedade com o protesto, destacando justamente a necessidade urgente de reavaliação da dimensão das listas de utentes dos médicos de família e a agilização de concursos de colocação de novos especialistas.
Preveem-se, assim, cinco dias complicados nas unidades do Serviço Nacional de Saúde: aos dois dias de paralisação dos médicos junta-se o dia de tolerância de ponto, na sexta, e o fim-de-semana. A agravar, à greve dos médicos associa-se a que está também marcada pelos sindicatos dos enfermeiros.
A Fnam denunciou, entretanto, que alguns médicos internos (do Centro Hospitalar do Oeste) que estão a fazer o ano comum receberam uma convocatória para a assinatura do seu contrato na quarta-feira, data que coincide com o primeiro dia da greve.
“A convocatória em questão é de uma enorme gravidade, por colocar os médicos numa situação intolerável num regime democrático, no qual o direito à greve é um direito elementar, não podendo ser condicionado por este tipo de esquemas manipulatórios”, considera a Fnam, que exige à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo que defina uma nova data para a assinatura dos contratos.