Veículos como armas: ataque em Estocolmo é o quarto em menos de um ano
Desde Julho de 2016, já houve quatro atentados idênticos: em Nice, Berlim, Londres e, agora, em Estocolmo.
Vários ataques têm sido perpetrados na Europa usando veículos – carros ou camiões – para atropelar pessoas. O ataque desta sexta-feira em Estocolmo é o quarto em menos de um ano em que é usado um veículo como arma. Isto depois de, em 2010, a Al Qaeda ter aconselhado os seus seguidores a usarem camiões como armas.
Magnus Ranstorp, chefe do departamento de investigação sobre terrorismo da Universidade de Defesa Nacional Sueca, explicou à Reuters que a maneira de agir do atacante era similar a outras situações, como as que aconteceram em Berlim e em Nice: “Já aconteceu antes roubarem um camião”.
“Este é um modus operandi de grande astúcia.” – explicou – “Conduzir até Ahlens [o nome do centro comercial] e parar aí… Há uma descida para o metro a alguns metros desse local, pode-se entrar em qualquer comboio e desaparecer rapidamente”.
“A escolha deste método e a forma recorrente como tem sido usado ultimamente revela que provavelmente as autoridades europeias estão a dificultar mais a actividade operacional destes grupos ou pessoas individuais que pretendem cometer estes ataques”, considera a especialista em relações internacionais Lívia Franco, em declarações ao Jornal Económico.
A também docente na Universidade Católica de Lisboa sublinha que esta forma de acção é mais difícil de detectar do que a utilização de armas, por exemplo. “Esta forma de agir é de fácil contágio, onde há o efeito sugestão de cópia”, diz ao Jornal Económico.
Em Março deste ano, um homem atropelou várias pessoas na ponte de Westminster, no Reino Unido. O ataque provocou cinco mortes – incluindo uma mulher que se atirou ao rio e que acabou por morrer nesta sexta-feira – e vários feridos.
Já em Julho de 2016, um homem de 31 anos avançou com um camião contra a multidão em Nice, em França: 86 morreram e 18 ficaram feridas. O terrorista acabou por ser abatido a tiro pela polícia.
Num mercado de Natal em Berlim, na Alemanha, em Dezembro de 2016, o cenário repetiu-se: um camião foi utilizado para atropelar os transeuntes e vitimou 12 pessoas, provocando mais de 48 feridos.
A confirmar-se que se trata de um ataque terrorista, este é o primeiro acto do género na Suécia desde 2010, altura em que Taimour Abdulwahab al-Abdaly – oriundo do Iraque e a residir no país desde 1992 – detonou duas bombas no centro da capital, tendo morrido numa das explosões. O primeiro-ministro, Stefan Löfven, citado pela comunicação social sueca, afirmou que "a Suécia foi atacada" e "tudo leva a pensar num atentado".