Nicolás Maduro reage a controversa decisão do Supremo: “Não sabia de nada”
“Se não está de acordo [com a decisão do Supremo] o que a direita deve fazer é recorrer”, disse o Presidente venezuelano.
Na quarta-feira à noite (madrugada em Portugal), o Supremo Tribunal, controlado pelo Governo socialista bolivariano, anunciou a destituição da Assembleia Nacional e assumiu as funções desta. O chefe do Governo, Nicolás Maduro, reagiu esta sexta-feira garantindo que “não sabia de nada”. Para a oposição, que detém a maioria dos deputados, a decisão trata-se de “um golpe de Estado”.
“Não sabia de nada sobre o que ia fazer o Supremo. Não fui eu que escrevi a sentença”, afirmou Maduro numa declaração televisiva, citada pelo El País, e na primeira reacção desde o início da polémica que já levou a protestos e confrontos nas ruas de Caracas e à condenação quase generalizada por parte dos países sul-americanos.
“Se não está de acordo [com a decisão do Supremo] o que a direita deve fazer é recorrer”, disse ainda o Presidente venezuelano.
Também a procuradora-geral da República, Luisa Ortega Díaz, considera que houve "uma ruptura da ordem constitucional". Estas afirmações tornaram-na a mais alta funcionária do Estado a manifestar-se contra a acção do regime, apesar de ter sido nomeada pelo Parlamento em 2007, quando era dominado pelo chavismo e a oposição não estava sequer representada por ter boicotado as eleições. “Estão em evidência várias violações da ordem constitucional e desconhecimento do modelo de Estado consagrado na nossa Constituição”, afirmou.
“A única ruptura da ordem constitucional foi protagonizada pela direita a 11, 12 e 13 de Abril de 2002”, retorquiu Maduro na noite desta sexta-feira. Na Venezuela existe plena vigência do “poder popular”, continuou, defendendo que “há uma poderosa participação democrática” num país onde “todos os poderes estão em pleno funcionamento”, conclui o sucessor de Hugo Chávez.
Nicolás Maduro garantiu também que vai resolver toda a situação nas próximas horas, tendo convocado uma reunião do conselho de segurança nacional para discutir as declarações da procuradora-geral. “Acredito no diálogo e uso da Constituição para resolver a controvérsia”, referiu o líder da Venezuela.