Dança das cadeiras adiada na UE
Centro-esquerda aposta na redistribuição de cargos na Comissão
Com 27 líderes dispostos impedir que Varsóvia levasse por diante o bloqueio à reeleição de Donald Tusk, o jogo das cadeiras ficou adiado para melhores dias. O presidente do Conselho Europeu ficará mais dois anos e meio no cargo. O PPE (centro-direita) manterá a liderança de três das principais instituições europeias: para além do Conselho Europeu, a Comissão e o Parlamento Europeu.
A possibilidade de substituir Donald Tusk chegou a ser encarada, incluindo por Berlim, para dar um lugar aos socialistas. O comportamento de Varsóvia inviabilizou qualquer alternativa.
O centro-esquerda tem o cargo de chefe da Diplomacia europeia (a italiana Federica Mogherini) e, teoricamente, o presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, que pode continuar no cargo, caso os trabalhistas holandeses continuem no governo, apesar das suas enormes perdas, previstas pelas sondagens. A fragmentação partidária na Holanda, face à extrema-direita de Geert Wilders, pode levar a uma coligação de seis partidos.
Não era essa a expectativa de Lisboa, que chegou a considerar o seu apoio ao ministro das Finanças de Espanha, Luis de Guindos, para chefiar o Eurogrupo, mesmo que fosse outra a sua família política. Essa hipótese parece hoje afastada por falta de eco em outros governos socialistas. António Costa encara agora a possibilidade de reforçar a presença do centro-esquerda na Comissão, através de uma redistribuição de cargos (prerrogativa do presidente), promovendo o Comissário dos Assuntos Económicos e financeiros, Pierre Moscovici a vice-presidente, libertando-o da “supervisão” de dois vice-presidentes, Dombrovskis (letão) e Katainen (finlandês), ambos da “linha dura” da UEM (na versão alemã).