Reportagem citada por Trump: polícias suecos acusam Fox News de "mau jornalismo"

Os polícias dizem que as suas respostas foram "editadas" e consideram realizador da reportagem um "louco".

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Reuters/KEVIN LAMARQUE

O Presidente dos EUA, Donald Trump, explicou a sua referência a um alegado ataque terrorista na Suécia – que nunca existiu – com uma reportagem transmitida pela Fox News, numa tentativa de comprovar a ligação entre o aumento da criminalidade com a política de imigração na Suécia. Dois dos polícias entrevistados nesse mesmo documentário dizem agora que as suas palavras foram retiradas do contexto, acusando o canal americano de “mau jornalismo”.

Ao jornal sueco Dagens Nyheter, os dois polícias afirmaram esta segunda-feira que as suas declarações foram editadas, explicando que estavam a “responder a questões completamente diferentes na entrevista”. Por isso, os entrevistados dizem que o responsável pela reportagem, Ami Horowitz, é um “louco”.

Na reportagem, que foi introduzida pelo apresentador da Fox News, Tucker Carlson, com a frase “o realizador documenta a violência de refugiados na Suécia", Horowitz aparenta perguntar a dois polícias se eles “verificam um alastramento da violência pelas cidades na Suécia”, lembra o Guardian. Um dos polícias disse então “pelo menos uma ou duas vezes por semana”, numa resposta aparentemente dada à pergunta citada. “E, digamos, há cinco anos, quantas vezes pensa que era?”, pergunta depois o realizador. “Três vezes por ano”, diz o outro polícia. “A sério? O aumento do crime é exponencial”, reage Horowitz durante a peça.

Ao Guardian, o realizador nega as acusações feitas pelos polícias, afirmando que os entrevistados estavam “provavelmente sob intensa pressão por causa do que disseram”.

O polícia Anders Göranzon garante esta segunda-feira que a conversa foi sobre as zonas onde há elevadas taxas de crime e não sobre a “migração ou imigração”. Göranzon diz que ficou “chocado” quando assistiu à produção, denunciando que as respostas foram editadas. “Isto é mau jornalismo”, acusa.

“Eu mantenho tudo o que disse”, reage Horowitz ao jornal britânico. “As respostas foram precisas. Eu fui claro sobre a intenção da nossa entrevista e estou seguro que lhes disse sobre o que iria ser a peça inteira. Se vir o que eu lhes perguntei, foi sobretudo sobre violência armada e muito pouco sobre imigração”.

Sobre o facto de os polícias o terem considerado um “louco”, o realizador desvaloriza, dizendo que antes já lhe chamaram o mesmo.

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