Rajoy mantém aliada como secretária-geral do PP

Como se esperava, líder da direita foi confirmado no cargo, e decidiu manter intocada a direcção dos conservadores.

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Mariano Rajoy impôs a sua vontade no Congresso do PP LUSA/JUANJO MARTIN

O sobrevivente Mariano Rajoy continua sem rivais na liderança da direita espanhola. Afinal, chegou a ser dado como morto politicamente e continua a governar, tendo conseguido que o PSOE votasse a sua investidura depois de duas eleições legislativas em que perdeu a maioria absoluta mas manteve o PP como força mais votada em Espanha. Este sábado, num Congresso em que enfrentou uma oposição inesperada por causa do poder acumulado por uma das suas principais aliadas, impôs a sua vontade.

Um dia depois de ter sido apresentada uma emenda “anti-Cospedal” que surpreendeu por ter dividido o partido, com 328 votos contra e 303 a favor, o líder decidiu manter María Dolores de Cospedal como secretária-geral. Os promotores da emenda contestam que aquela que é também ministra da Defesa e presidente dos conservadores de Castela La Mancha acumule cargos na estrutura do partido e no Governo.

Numa ginástica destinada a equilibrar sensibilidades, Rajoy apaziguou os críticos do poder de Cospedal recuperando um cargo que tinha deixado de existir no partido, o de coordenador geral, e escolhendo um deles, Fernando Martínez-Maillo, para um lugar que este já ocupava sem o título.

Em equipa que ganha não se mexe, foi essa a mensagem do líder dos populares e presidente do Governo. “São os que estavam. Não os mudei porque fizeram bem e nesta vida não se muda o que funciona”, afirmou, justificando assim a manutenção integral da Comissão de Direcção. Quem está são os dirigentes que constituem o seu núcleo duro, assim continuará a ser.

“Quero ser presidente do Partido Popular e peço-vos que me apoiem”, afirmou Rajoy, no discurso em que antecipou a ida a votos para o confirmar na liderança. “Só venho pedir-vos de novo a vossa confiança.”

Não teria por que ser de outro modo. Rajoy não só está no poder como o PP não enfrenta actualmente uma oposição forte. A crise aberta no PSOE com a decisão de investir o executivo da direita – o líder, Pedro Sánchez, recusou fazê-lo, e foi decapitado por um grupo de pesos-pesados – só vai começar a resolver-se em Junho, quando os socialistas elegerem uma nova liderança em Congresso. A terceira força nas legislativas de Junho, o Podemos, precisa de arrumar a casa num conclave que decorre em simultâneo ao dos conservadores – e que o partido de Pablo Iglesias quis realizar nas mesmas datas, o que muito irritou os dirigentes do PP.

De acordo com o último barómetro do CIS (Centro de Investigações Sociológicas), a grande sondagem trimestral da política espanhola, o PP permanece confortavelmente como força mais votada, com 33%. É o Podemos e não o PSOE que surge em segundo, mas a mais de dez pontos de distância, com 21,8%.

Numa referência ao seu estilo de fazer política, mas também às crises que afectam os rivais, Rajoy defendeu um PP “reformista” mas “sereno”, sem “revoluções nem sobressaltos”.

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