Treze anos de prisão para próximos do PP espanhol
Secretária-geral do partido no poder abre Congresso com “pedido de perdão” à sociedade pela corrupção.
Horas antes da abertura do 18.º Congresso do Partido Popular, a justiça espanhola anunciou as primeiras sentenças no mega-processo de corrupção conhecido como “rede Gürtel”. Os cabecilhas do esquema, Francisco Correa, Pablo Crespo e Álvaro Pérez, foram condenados a 13 anos de prisão cada por corrupção e tráfico de influência no quadro da atribuição de contratos públicos ligados à feira do turismo espanhola, a Fitur; a ex-conselheira do Turismo do PP, Milagrosa Martínez, foi condenada a nove anos de prisão por prevaricação e desvio de fundos.
Este caso chegou aos tribunais em Outubro, com 37 acusados e muito potencial para manchar figuras do PP. Ao todo, estão em causa mais de 354 milhões de euros em concursos e contratos públicos irregularmente concedidos por dirigentes do partido de direita, sobretudo nas comunidades autónomas de Madrid e Valência, com ramificações em Castela e Leão, e em vários serviços públicos.
A investigação aberta em 2007 permitiu estabelecer que Correa seria o “cérebro” e gestor da rede concebida no final dos anos 1990 para atribuir contratos públicos em troca de subornos.
Com a continuidade do primeiro-ministro Mariano Rajoy na liderança do PP garantida, já que não enfrenta adversários, o Congresso que se prolongará até domingo planeava debater questões de estrutura da direcção nacional e recomeçar debates como o do aborto. Mas estas condenações, a somar à comparência marcada para segunda-feira da ex-ministra da Saúde, Ana Mato, em tribunal, obrigam os dirigentes a abordar a corrupção.
“Admitimos os nossos erros, pedimos perdão à sociedade, queremos emendar-nos e aprovámos a maior série de medidas anticorrupção da democracia”, afirmou na abertura do Congreso Dolores de Cospedal, secretária-geral do PP e “número dois” de Rajoy. “Reagimos demasiado tarde em alguns casos. Não fomos ágeis como a sociedade nos exigia”, acrescentou.