Afinal, o PCP vai manter Carris na Câmara de Lisboa, mas sem hipótese de privatização

Sindicatos que abandonaram a reunião com o PCP vão voltar amanhã para novo encontro.

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fabio augusto

A “cereja no topo do bolo” seria a Carris voltar a ser integrada no sector empresarial do Estado mas, para já, o PCP vai manter a empresa de transportes sob a alçada da Câmara de Lisboa para não causar engulho à sua actividade, e irá apenas propor a impossibilidade de o município privatizar ou concessionar o serviço.

Esta foi uma das ideias debatidas pelos comunistas com as organizações representativas dos trabalhadores numa reunião esta tarde, no Parlamento. Ou pelo menos com algumas, já que pelo menos quatro das seis organizações presentes saíram menos de meia hora depois do início do encontro alegando que a reunião se limitava a discutir “factos consumados”, ou seja, para o PCP explicar o pedido de apreciação parlamentar do decreto-lei do Governo que entregou a Carris à Câmara de Lisboa. Estes pedidos serão discutidos no Parlamento no dia 24 de Fevereiro.

Da sala saíram os representantes do Sindicato dos Transportes Rodoviários e Afins (SITRA), afecto à UGT, do Sindicato Nacional dos Motoristas, da Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (ASPTC) e da Comissão de Trabalhadores. Mas voltarão amanhã, sexta-feira, para uma nova reunião, já confirmada, com o PCP. Em comunicado, justificaram que abandonaram a reunião por entenderem que a agenda de trabalhos estava "fora do âmbito" do seu pedido e por estarem presentes outras organizações representativas dos trabalhadores que não tinham subscrito o seu pedido de reunião urgente ao PCP.

E ficaram a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) e o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), ambos afectos à CGTP, que tinham sido convidados pelo PCP.

José Manuel Oliveira, coordenador nacional da Fectrans, contou aos jornalistas que a federação defendeu a introdução de propostas de alteração que certifiquem que não poderá ser feita qualquer privatização, que “assegurem um conjunto de direitos dos trabalhadores, incluindo a contratação colectiva em vigor”, defendam os interesses dos utentes e salvaguardem a Carris Bus e a Carris Tur.

Questionado pelos jornalistas, este responsável criticou o Governo por não ter consultado os trabalhadores antes de decidir entregar a Carris à Câmara de Lisboa, defendeu que as empresas de transporte “devem articular os vários modos de transporte, devem ser públicas e tuteladas pelo mesmo ministério” e lamentou que não tenha sido esse o entendimento do executivo.

O deputado Bruno Dias, que recebeu as ORT da Carris, admitiu as dificuldades de a empresa passar agora para o sector empresarial do Estado, porque isso implicava a reversão da decisão do Governo, deixando no ar que isso poderá vir a ser proposto pelo PCP no futuro. Defendeu que é sempre possível dar uma "palavra activa" às autarquias servidas pela rede da empresa sem que isso obrigue a que sejam donas ou assumam a sua gestão. Para já, o PCP foca-se na "questão central da não privatização da empresa", propondo uma "cláusula de salvaguarda que garanta a reversão automática em caso de tentativa de alienação ou de um mecanismo de entrega aos privados pela parte da câmara".

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