Tribunal de Contas revela que alunos abandonam o ensino superior por razões económicas

A dificuldade em conciliar a vida académica com a profissional e a dificuldade de adaptação estão entre as principais causas.

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ADRIANO MIRANDA

As principais causas de abandono e desistência do ensino superior resultam de factores económicos, tais como a dificuldade em conciliar a vida académica com a profissional e a dificuldade de adaptação, apurou o Tribunal de Contas. A instituição afirma, no entanto, que se verificou uma diminuição da taxa de abandono entre 2012/2013 e 2014/2015, num relatório sobre a caracterização do ensino superior público em Portugal.

A taxa de desemprego dos diplomados indicada no documento é de 8%, mas os relatores alertam que esta cifra divulgada pela Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) apenas considera os inscritos nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional, "não sendo, assim, representativa do universo dos desempregados".

O relatório divulgado esta segunda-feira incide no ano lectivo 2012-2013 e aponta a existência de 27 cursos em que a taxa de desemprego é nula. Em 2012, existiam também 326 cursos com menos de 20 alunos.

Verificou-se uma diminuição do pessoal, docente e não docente, bem como uma redução no número de estabelecimentos de ensino, com as regiões de Lisboa, Norte e Centro a concentrar o maior número de escolas. O tribunal constatou uma diminuição do número de alunos inscritos e diplomados.

"O maior número de alunos inscritos e diplomados verifica-se no grau de licenciatura e nas áreas de Ciências Sociais, Comércio e Direito", lê-se no relatório, segundo o qual a região de Lisboa foi a que emitiu mais diplomas.

O Tribunal de Contas recomenda a clarificação dos conceitos de desistência, abandono escolar e retenção, bem como de empregabilidade e desemprego, por forma a permitir uma leitura mais uniforme, transparente e comparável.

Os auditores observaram uma convergência com a meta europeia no que diz respeito às habilitações dos cidadãos, "ainda que, até 2020, Portugal tenha de recuperar 8,1% para que 40% da população, entre os 30-34 anos, complete o ensino superior" ou equivalente.

Entre as recomendações está uma avaliação das necessidades do mercado de trabalho, para "orientar os estudantes" nas opções profissionais e facultar informação às instituições de ensino, "potenciando eventuais alterações na estrutura da oferta curricular".

Recomenda-se ainda a criação de estruturas de apoio à inserção dos recém-diplomados na vida activa. O tribunal actuou em articulação com os serviços do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior e 40 instituições públicas politécnicas e universitárias.