Benoît Hamon é o candidato socialista às presidenciais francesas
Fazendo um apelo aos ecologistas e à esquerda mais radical, Hamon tenta criar uma coligação alargarda.
"Esta noite, a esquerda levanta a cabeça", afirmou Benoît Hamon, o vencedor das primárias socialistas em França, com 58,88% dos votos, derrotando o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, que obteve 41,12%. Será Hamon, de 49 anos, o candidato socialista às eleições presidenciais de 23 de Abril.
O desafio, para o vencedor, será manter o Partido Socialista unido. Gérard Collomb, o socialista presidente da câmara de Lyon, lançou imediatamente um apelo no Twitter aos "Reformadores" a que se juntem a Emmanuel Macron, o candidato independente que apoia, e que tem juntado apoios de todos os quadrantes políticos. "Juntos não faremos ganhar um clã, faremos ganhar a França", citou-o o Libération.
"Não temos nenhum rancor pela derrota", assegurou Manuel Valls, que falou muito rapidamente depois de terem sido conhecidos os primeiros resultados, fazendo um discurso em que apelou à unidade. "Benoît Hamon é o candidato da nossa família política. É a ele que compete levar a bom porto a bela missão da união. Quero desejar-lhe boa sorte", declarou.
Hamon junta-se aos candidatos Emmanuel Macron, Marine Le Pen (Frente Nacional), Yannick Jadot (Europa-Ecologia-Os Verdes), Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa, esquerda radical) e François Fillon (Os Republicanos, direita). Tem propostas como a criação de um rendimento universal de 750 euros, a aplicar de forma faseada, que o tornaram popular entre a esquerda desencantada com os últimos quatro anos de governação de François Hollande e do governo socialista. Esta medida, no entanto, poderia custar 400 mil milhões de euros, dizem os seus rivais socialistas, arruinando a economia francesa.
As sondagens não previam, até agora, um bom resultado para um candidato socialista - embora Manuel Valls, visto como o herdeiro destes anos de governação socialista, tenha sido sempre considerado o favorito.
O Le Figaro revela este domingo um estudo de opinião, realizado a 26 e 27 de Janeiro, que apesar de continuar a dar a Marine Le Pen (extrema-direita) a vitória na primeira volta, com 25%, mostra um empate técnico entre Emmanuel Macron (21%) e François Fillon (22%). E Benoît Hamon consegue o quarto lugar, com 15%, ultrapassando Jean-Luc Mélenchon (10%). Le Pen seria sempre derrotada na segunda volta, a 7 de Maio diz o estudo Kantar-Soffres.
No discurso de vitória, Hamon fez promessas de tentar uma aliança com o candidato da Europa Ecologia e da esquerda radical: "Vou propor a Yannick Jadot e a Jean-Luc Mélenchon construir uma maioria governamental social, económica e democrata", afirmou.