Google e Facebook apertam cerco às notícias falsas

Em 2016, o Google retirou permanentemente da sua plataforma de anúncios 200 sites com conteúdo que enganava os utilizadores.

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Os anúncios que se disfarçam de notícias são um dos problemas Eric Gaillard / Reuters

A luta contra as notícias falsas continua: o Google e Facebook apresentaram novas estratégias no combate aos artigos falsos na Internet.

Entre Novembro e Dezembro de 2016, o Google detectou 550 sites que tentavam enganar os utilizadores, nomeadamente, ao fazerem-se passar por sites de notícias, e que mostravam anúncios da plataforma de publicidade do Google. De entre estes, 200 foram eliminados permanentemente daquela plataforma. 

Os sites de notícias falsas tornaram-se um tema quente na sequência da eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA. Alguns destes sites tinham motivações políticas e pretendiam apoiar um candidato e denegrir outro. Mas muitos dos que se faziam passar por órgãos de informação pretendiam apenas obter lucro ao exibir anúncios publicitários, fosse nas próprias páginas, recorrendo a plataformas de anúncios como a do Google, ou nas respectivas páginas no Facebook. Em Novembro, uma investigação do BuzzFeed, no seguimento de um trabalho do britânico The Guardian, mostrou como a criação de sites com notícias falsas que favoreciam Trump era um bom negócio, uma vez que os apoiantes do actual presidente tinham mais tendência do que os de Hillary Clinton para espalhar este tipo de conteúdo. Muitos destes sites eram feitos fora dos EUA.

O Google detectou ainda outro problema: anúncios que se fazem passar por notícias. “É o crescimento dos anúncios mascarados de tablóides’", explicou Scott Spencer, director de gestão de produtos, em comunicado. "Estes anúncios aproveitam tópicos actuais – uma eleição, debates políticos, tópicos de maior destaque, histórias sobre celebridades – e transformam-se para parecerem as manchetes de um site noticioso."

Ao longo do ano passado, a multinacional suspendeu mais de 1300 contas na plataforma de publicidade por criarem aquele tipo de anúncios disfarçados de notícias. O problema é que cada conta destas atinge um número muito grande de pessoas: em Dezembro apenas foram eliminadas 22 contas, mas a multinacional estima que estas tenham sido responsáveis por vários anúncios falsos vistos por mais de 20 milhões de pessoas por semana.

Também o Facebook está a tomar medidas para mitigar o problema das notícias falsas, depois de ter sido acusado de influenciar a campanha presidencial norte-americana.

A mais recente parte do plano – que já inclui a colaboração com equipas de verificação de factos, e a colocação de avisos em artigos de veracidade duvidosa – passa pela remodelação da forma como a rede social gere os seus tópicos de maior destaque (em inglês, trending topics). Outrora, o Facebook seleccionava automaticamente estes tópicos com base em publicações individuais muito populares (com muitos gostos, partilhas e comentários). Agora, é preciso mais: apenas após existirem várias publicações de vários grupos de pessoas a comentar o mesmo tema é que este passa a merecer destaque.  

O contexto também ganha relevância. Cada tópico em destaque passa a incluir um link para um artigo de um órgão noticioso verificado, ou para outra fonte de informação credível. Este link é seleccionado com base da popularidade do órgão de informação e na quantidade de pessoas a criar links para o artigo.

“Isto deverá permitir encontrar tópicos em destaque mais rapidamente, ser mais eficaz a apresentar uma ampla gama de notícias e eventos de todo o mundo, e também assegurar que os tópicos mais populares reflectem eventos reais que estejam a ser cobertos por vários órgãos de informação,” disse Will Cathcart, o vice-director de produtos do  Facebook, num comunicado sobre a actualização aos tópicos de maior destaque.

De acordo com o Facebook, um “evento real” é algo que aconteceu recentemente, está a acontecer agora, ou vai acontecer no futuro. As alterações devem permitir que os utilizadores do Facebook não ignorem acontecimentos e tópicos importantes por estes não aparecerem directamente no feed de notícias.

Segundo o Facebook, a escolha dos temas de maior destaque é completamente automatizada e feita com base num algoritmo, embora todos os tópicos seleccionados passem por um processo de revisão humano. O objectivo não é censurar informação, mas assegurar que os tópicos escolhidos não são duplicados e que representam eventos relevantes. A equipa do Facebook dá o “exemplo da pizza”: se utilizadores estiverem a falar de pizza, mas não existir nenhum artigo noticiosos ou evento relevante, não será um tema em destaque.

Artigo editado por João Pedro Pereira

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