Chuva e falta de obras fecham escola Alexandre Herculano no Porto
Câmara do Porto garante ter fechado há meses negociações com o ministério para co-financiamento das obras que a tutela tarda em lançar.
A centenária Escola Secundária Alexandre Herculano, no Porto, está encerrada esta quinta-feira por causa da chuva. "O frio ainda se aguenta, mas quando chove, chove nas salas e por isso decidiu-se encerrar", explicou ao PÚBLICO fonte do estabelecimento cuja direcção vem lutando, publicamente, para que seja concretizado um projecto de reabilitação que reponha a dignidade no funcionamento deste estabelecimento com 900 alunos.
Informada, pela escola, da decisão de encerramento, o Ministério da Educação afirma estar "a recolher todas as informações" sobre o encerramento do estabelecimento, salientando estar "a trabalhar" numa "solução imediata" para retoma das aulas. Numa nota enviada ao PÚBLICO , a tutela recorda que a requalificação da Escola Alexandre Herculano "integra a lista de investimentos em infraestruturas educativas e formativas" a financiar pelos fundos comunitários do Norte 2020, no no âmbito dos "Pactos Territoriais para o Desenvolvimento e Coesão", acrescentando estar em curso estar em curso um "processo de concertação" com a Câmara do Porto para reabilitar a escola.
Contactada pelo PÚBLICO, fonte da Câmara do Porto garante, contudo, que a negociação com o Ministério "está fechada há meses". A escola é tutelada pela administração central, mas como tem acontecido em muitos municípios portugueses, a câmara do Porto aceitou participar no financiamento das obras, cobrindo metade da componente nacional do projecto. "O Ministério da Educação é o dono da obra, e se podia tê-la lançado há uma semana, se o vai fazer amanhã ou se não vai fazê-lo", é responsabilidade sua, insistiu o porta-voz de Rui Moreira, Nuno Santos.
Em declarações á Lusa, O director da escola Alexandre Herculano, disse que os alunos só regressarão quando existirem garantias de que podem circular "sem qualquer possibilidade de lhes cair um bocado de tecto em cima". "É necessário também que as salas de aula não apresentem este estado de infiltração e queda de água, temos de utilizar baldes para que a água não escorra pelas salas. É necessário, também, que possamos garantir que os alunos circulem pelos corredores sem risco iminente de quedas que é aquilo que em dias como o de hoje acontece frequentemente", disse Manuel Lima.
Há muito que a comunidade escolar da Alexandre Herculano vem pedindo obras. O regresso da chuva, num Inverno bastante seco que "disfarçou" o problema, foi a gota de água que encheu o copo. Os baldes substituem os alunos, que esta quinta-feira ainda foram às primeiras aulas, mas acabaram por convencer a direcção da escola a parar as actividades lectivas, por falta de condições. Agostinho Salgado, do sindicato dos Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais do Norte considera que a decisão de encerramento deste estabelecimento de ensino é correcta. "Quando estudei lá há 20 anos a escola já estava degradada e a precisar de obras. Imagine agora", assinalou.
No ano passado, em Maio, foi lançada a iniciativa "Não deixamos cair o Alexandre", que reuniu quase três mil assinaturas numa petição em defesa da concretização do projecto de reabilitação da escola. "Em 2009, a Parque Escolar reconheceu que eram necessárias obras urgentes e aprovou o seu projecto, da autoria dos arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez. Mas o anterior governo ditou a sua suspensão no final de 2011 sem apresentar qualquer alternativa. De então para cá, a escola deteriorou-se ainda mais".
"A comunidade educativa enfrenta actualmente um quotidiano lectivo em que chove nas salas, há laboratórios fechados, o piso abateu em vários corredores, existem infestações de ratos e outras pragas, e de uma forma geral a escola exibe condições incompatíveis com os padrões de qualidade de ensino e de dignidade que se impõem à Escola Pública", lê-se nessa petição que tinha, entre os promotores, a concelhia do Porto do PS, e que apela ao actual Governo para que requalifique o Alexandre.