Marques Mendes diz que Passos é um catavento
Há três anos, Marcelo Rebelo de Sousa era um catavento que Passos não queria em Belém. Hoje, para Marques Mendes, o catavento é Pedro Passos Coelho
Marques Mendes foi líder do PSD, convidou Pedro Passos Coelho para seu vice-presidente quando esteve à frente do partido, mas nem por isso deixa de o criticar no espaço semanal de comentário que tem os domingos, na SIC. Esta noite, o comentador disse, a propósito da redução da Taxa Social Única, que Pedro Passos Coelho se comporta como um "catavento" por defender uma coisa e o seu contrário com oito meses de diferença.
"Parece que Passos Coelho é um catavento", disse Marques Mendes, depois de recordar que, em Março de 2016, foi o PSD a viabilizar uma proposta do Governo, em tudo idêntida a esta, com a abstenção. "Passos devia dar uma explicação", assumiu Mendes.
Para o ex-líder do PSD, a decisão de Passos inviabilizar a descida da TSU é "monumental tiro no pé", talvez o "maior erro de Passos Coelho", que assim parece esquecer-se do ADN do PSD, o partido que "mais importância deu à Concertação Social". Mendes assume que, assim, Passos "mata este acordo" que o Governo teve o mérito de conseguir, apesar da fragilidade de não ter acautelado a sua aprovação no Parlamento.
A palavra catavento entrou para o léxico político pela mão, precisamente, de Pedro Passos Coelho, que a usou em 2014 para se referir a um perfil de candidato presidencial que não convinha ao PSD.
Na moção de estratégia que Passos apresentou ao congresso do partido, em Fevereiro desse ano, lia-se que estava fora das opções do PSD um candidato que fosse um “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes” ou “um catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”.
“O Presidente”, acrescentava a moção, “deve comportar-se como um árbitro ou moderador, movendo-se no respeito pelo papel dos partidos mas acima do plano dos partidos (…). Também não pode colocar-se contra os partidos ou os governos como se fosse apenas mais um protagonista político na disputa política geral”.
Passos nunca assumiu que a descrição se aplicava a Marcelo, disse, aliás, que não se aplicava a ninguém em particular, mas o então comentador não só percebeu o recado, como quis dar-lhes resposta: “Claramente, eu acho que ele quis excluir na moção de estratégia o candidato Marcelo Rebelo de Sousa. Quis, o que é perfeitamente legítimo. Assim, a questão está resolvida.
Três anos depois, é no mínimo curioso que Marques Mendes – conselheiro de Estado de Marcelo – tenha usado esta expressão para se referir ao líder do PSD. Já agora, registe-se a definição de “catavento” de acordo com o diccionário Priberam da Língua Portuguesa. Um catavento é uma “lâmina ou figura enfiada numa haste, geralmente colocada no alto dos edifícios, que indica a direcção do vento”. Ou então, em sentido figurado, uma “pessoa volúvel”.