A cidade velha de Alepo está já totalmente nas mãos do regime, depois da fuga dos últimos rebeldes que tentavam evitar a entrada das forças sírias, avançou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). A parcela de território controlada pelos opositores na cidade está cada vez mais reduzida.

Os combatentes rebeldes retiraram-se do centro histórico, que dominavam há quatro anos, depois de os soldados conquistarem durante a noite os bairros vizinhos de Bab al-Hadid e Aqyul. De acordo com o OSDH, um grupo independente, os avanços foram feitos com a ajuda de ataques aéreos.

Um responsável rebelde na Turquia afirmou no entanto à Reuters que nem toda a cidadela foi tomada, apesar de outra fonte militar ter confirmado a entrada naquela zona.

Os ataques a uma das áreas residenciais na zona ocidental da cidade, sob domínio governamental, resultaram na morte de um conselheiro militar russo, o coronel Ruslan Galitski, comunicou o Ministério da Defesa em Moscovo.

As últimas semanas foram de combates intensos na tentativa de expulsar as forças rebeldes dos seus enclaves. Com os novos avanços, o Exército sírio terá agora o domínio de mais de dois terços de Alepo.

Se os últimos redutos rebeldes da zona oriental da cidade forem tomados, será uma importante vitória para o Presidente Bashar al-Assad, nesta guerra que se arrasta há cinco anos. Alepo era a cidade mais populosa da Síria antes do início do conflito, com 2,5 milhões de habitantes, mas agora não restarão mais do que 1,5 milhões de pessoas.

Nas áreas ainda nas mãos dos opositores há dezenas de milhares de civis encurralados. Segundo a BBC, as autoridades preparam-se para mais um êxodo, com as famílias a tentarem fugir debaixo de fogo. Nestas áreas, que durante meses foram fustigadas pelos bombardeamentos, faltam alimentos e os hospitais deixaram de funcionar.

Até agora, a guerra fez mais de 300 mil mortos, deixou mais de metade da população síria sem casa e gerou a mais grave crise de refugiados do mundo.

Inscrita na lista do Património Mundial da UNESCO em 1986, a cidadela de Alepo, jóia da arquitectura militar islâmica da Idade Média, começou a ser construída no século X e demorou três séculos a ser completada. Mas em Julho de 2015, uma secção das muralhas da cidadela ruiu, após a explosão de um túnel na cidade velha. Antes, o minarete seljúcida da mesquita dos Omídas já tinha ruído, e o souk de Alepo, com lojas por vezes centenárias, tinha sido parcialmente destruído pelas chamas.