“O PSD está bem entregue e o país também”, diz Marcelo

Em resposta a Passos Coelho, o chefe de Estado diz que “o Presidente não pode ter preferências nem amuos” e que a Constituição lhe impõe dar todas as condições para qualquer governo para cumprir os objectivos nacionais.

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Marcelo Rebelo de Sousa esta segunda-feira em Castelo Branco Enric Vives-Rubio
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Marcelo durante a visita a uma fábrica em Alcains Enric Vives-Rubio
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Marcelo durante a visita a uma fábrica em Alcains Enric Vives-Rubio
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Marcelo durante a visita a uma fábrica em Alcains Enric Vives-Rubio
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O Presidente na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, na Covilhã Enric Vives-Rubio
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Marcelo na Guarda Enric Vives-Rubio
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Marcelo na Guarda Enric Vives-Rubio
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Marcelo na Guarda Enric Vives-Rubio
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Marcelo na Guarda Enric Vives-Rubio

Houve tempo para tudo na mais curta jornada do Portugal Próximo que o Presidente da República fez até agora. Em apenas 10 horas, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou “confiança reforçada” na Caixa Geral de Depósitos (CGD) logo à chegada a Castelo Branco; na Covilhã deu razão a Passos Coelho quando este disse que o Presidente “fazia tudo” para ajudar o Governo e na Guarda enalteceu o país da sopa de pedra, que sabe fazer um prato “saborosíssimo quase sem ingredientes”. Tudo envolto em muito afecto, milhares de beijinhos e centenas de “selfies”.

Logo de manhã, Marcelo trazia para aperitivo a declaração de confiança na nova administração da CGD: “A solução encontrada é tão competente quanto a anterior”, disse, corrigindo as declarações de sexta-feira, em que num jantar com jornalista estrangeiros, recorrendo a uma passagem bíblica, dissera que “o segundo vinho é melhor do que o primeiro”. Mas de alguma forma justificou o que dissera, pois vê na equipa liderada por Paulo Macedo algumas vantagens: “Não levanta problemas como a entrega das declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional nem a negociação com o Banco Central Europeu das condições do plano” de recapitalização.

“Ainda tem uma vantagem adicional: é que os dois partidos da oposição não esconderam os seus elogios rasgados ao novo presidente do Conselho Executivo”, disse. Além disso, garante que a transição do Conselho de Administração liderado por António Domingues para a nova equipa de Paulo Macedo “está a ser suave”, porque foi “muito bem aceite pelos mercados”.

Mas não há bela sem senão, e a Caixa não é excepção. Questionado sobre os salários dos novos administradores, o Presidente não escondeu a sua posição antiga, “já se aplicou aos anteriores governos e anteriores administrações”,  no sentido de discordar dos valores demasiado elevados que têm sido pagos. Mas agora, “o importante não é isso, o importante é termos agora condições – e temos – para no próximo ano fazermos uma recapitalização  pública e privada e uma reestruturação do banco”.

“Decide quem pode, e uma vez decidido o importante é o que foi decidido: é uma boa equipa, uma equipa virada para o futuro e logo que tenha luz verde do BCE vai continuar a fazer aquilo que os portugueses querem, resultados, ou seja, a recapitalização”, sublinhou.

Em Castelo Branco, Marcelo visitou a Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico, onde passou por aulas de música, experimentou todos os bancos em exposição feitos pelos alunos de Design de Interiores e Equipamento e foi iniciado nas artes da confecção de alta costura. Dali seguiu para o Museu da Seda, que inaugurou, e junto ao qual funciona a APPACDM local, uma instituição de apoio a deficientes mentais. O Presidente fez questão de cumprimentar um a um os utentes e familiares que ali estavam à sua espera.

Alcains e a fábrica de fatos Dielmar foram o ponto seguinte, e aquele em que mais trocou as voltas ao planeado: mal ali entrou, acompanhado já pelo ministro da Economia e pelo secretário de Estado da Inovação, Marcelo deixou a comitiva e afundou-se no labirinto de calças, casacos, máquinas de coser e cruzetas flutuantes, num circuito improvisado de beijinhos em que nenhuma das 400 funcionárias – e alguns homens – terá ficado de fora.

Ana Maria Rafael, a filha do fundador da empresa, recentemente falecido, pediu ao Presidente e ao Governo “atenção” ao interior e às empresas que, apesar de se instalarem em zonas difíceis, conseguem vencer e “levar o nome de Portugal ao mundo”, como diria depois o chefe de Estado. Fugindo à sua própria rotina, Marcelo desafiou Caldeira Rodrigues a falar e o ministro garantiu que “o governo está empenhado em relançar a economia do interior”, referindo-se ao plano de 160 medidas que será apresentado já na quarta-feira.

De regresso à universidade, desta vez na Covilhã, o Presidente dos afectos voltou às selfies e aos elogios, e na Faculdade de Ciências da Saúde se demorou a ouvir explicações de um dos seus temas favoritos: doenças e remédios. E foi aqui que disse estar satisfeito com as lideranças políticas de todos os partidos, até porque os afectos são o melhor remédio.

O mote fora dado pelo presidente do PSD, que de manhã, questionado sobre o apoio presidencial ao Governo, respondera: “Ainda bem que ele não é presidente do PSD”. Marcelo concorda. “Ele tem toda a razão”, disse:  “O PSD está bem entregue” e “penso que o país, modestamente, também, fez uma escolha que me permite a mim servi-lo e ser Presidente de todos os portugueses”. “Se eu fosse presidente do PSD não podia acumular com o ser Presidente de todos os portugueses”, afirmou.

O apoio ao Governo tem, explicou o professor de Direito, uma explicação: “A Constituição manda que o Presidente da República colabore com qualquer governo, criando todas as condições para que ele possa realizar os objectivos nacionais. É esse o objectivo do mandato presidencial”, justificou. “Um Presidente não pode ter preferências nem amuos, não pode gostar mais de uns portugueses do que de outros”.

Foi já na Câmara da Guarda, em jeito de balanço, que o Presidente enalteceu o povo que foi capaz de “continuar a criar como se não houvesse crise, a inovar como se não houvesse limitações e a sonhar como se não houvesse obstáculos”.  Sim, porque a crise ainda não acabou e no entanto “o país está a mudar”, afirmou. “É uma revolução silenciosa, nas empresas, nas escolas, das autarquias, das estruturas comunitárias”, afirmou.

E daí o sermos, para o Presidente, o país da sopa de pedra, feita praticamente sem ingredientes. “É um talento, que tem sido levado à máxima expressão ao longo dos anos, criando uma sopa saborosíssima, que se traduz na criação de riqueza mas também na justiça social”, afirmou. E depois de tudo, Marcelo confluiu para a rua, fria e forte, para mergulhar na pequena multidão que o esperava dali até à Cidade Natal. 

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