Quem são as sete novas estrelas?
Os sete novos estrelados faziam parte das várias listas de prognósticos que antecederam o anúncio das escolhas do Guia Michelin para Portugal e Espanha. Não foram exactamente uma surpresa mas são sete óptimas notícias.
Alma
Quando reabriu o Alma desta vez no Chiado, Henrique Sá Pessoa assumia-se claramente no campeonato das estrelas. Isso notava-se no cuidado com que todo o espaço foi recuperado e trabalhado até ao mais pequeno detalhe (do papel em está impresso o menu à louça escolhida para cada prato). E notava-se também na sofisticada cozinha que Sá Pessoa aqui apresentou, anunciado que se tratava do seu “regresso à alta cozinha”. Um grande foco no trabalho com peixe e marisco, a marca da influência asiática e um estilo de cozinha com uma personalidade própria garantiram-lhe o reconhecimento do guia Michelin.
Antiqvvm
Aberto no final de 2015, o Antiqvvm foi o novo projecto de Vítor Matos depois de o chef deixar o Largo do Paço, na Casa da Calçada, em Amarante. Ligado ao Museu Romântico, o restaurante situa-se na Quinta da Macieirinha, sobranceira ao Douro – e que vistas oferece para o rio. Mas não é apenas a paisagem que enche as medidas: dentro de portas, num palacete do século XIX, Vítor Matos apresenta dois menus – “Tradição Renovada” e “Ensaios Sensoriais” –, além da escolha à carta. A sua cozinha reflecte modernidade mas sem perder de vista a memória e a tradição portuguesas. Foi com estes argumentos que mostrou por que razão, em tão curto tempo de vida do Antiqvvum, conseguiu garantir a confiança dos inspectores do guia vermelho. A estrela para o Antiqvvm é a segunda da sua carreira (a primeira, conquistou-a para a Casa da Calçada).
Casa de Chá da Boa Nova
Dificilmente haverá em Portugal restaurante com melhor localização. A Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, desenhada pelo arquitecto Siza Vieira, traz o mar praticamente para a mesa através de grandes janelões que se recortam para o Atlântico e para as rochas que sobre ele se equilibram. Com este enquadramento tão especial, o chef Rui Paula fez o mais lógico e optou por privilegiar os peixes e mariscos, que dominam a carta e os menus de degustação “Atlântico”, “O Mar e a Terra” e “Boa Nova”. Todos os pratos são apresentados com muita elegância e sofisticação, respeitando, ainda assim, a matriz dos sabores mais originais. Um arroz de lula é um arroz de lula, embora no prato possa parecer outra coisa. Depois do DOC, no Douro, do DOP, no Porto, e do Rui Paula Recife, o chef transmontano chegou ao seu “restaurante de sonho” na Boa Nova. A estrela acendeu-se agora.
LAB by Sergi Arola
O chef catalão Sergi Arola encerrou recentemente o restaurante-irmão deste seu LAB by Sergi Arola da Penha Longa, em Madrid, onde tinha duas estrelas Michelin. Costuma dizer que se sente cada vez mais em casa em Portugal e que a Penha Longa, em Sintra, é “um paraíso”. Também aí – onde a cozinha está nas mãos do talentoso chef português Milton Anes – a conquista de uma estrela era um objectivo assumido. A ementa é semelhante à que era servida em Madrid, mas agora quem quiser provar as célebres molejas de vitela de Arola terá de ir até Sintra, onde existem três menus à escolha: o Descobertas, o menu Sergi Arola e o menu De Loucura em Loucura.
L’And Vineyards
O empenho que Miguel Laffan colocou na recuperação da estrela perdida no ano passado foi reconhecido pelo Guia Michelin. A relação do L’And Vineyards com as estrelas tem, aliás, sido algo agitada: a primeira estrela chegou inesperadamente (dando também ao Alentejo essa satisfação), mas algum afastamento de Laffan do projecto durante o ano seguinte levou à perda da distinção. Situado em Montemor-o-Novo, no meio de uma vinha, num belo resort o restaurante apresenta uma cozinha que valoriza os produtos nacionais, mas assume alguma influência oriental e que com o renovado entusiasmo de Laffan brilha novamente.
Loco
Alexandre Silva arriscou num projecto pessoal, investimento dele e da mulher Sara, que é sócia, e ganhou. Não era evidente que o Guia Michelin fosse distinguir um restaurante muito mais ousado e irreverente dos que os que são habitualmente estrelados. A estrutura da refeição no Loco é diferente (ritmo acelerado nos snacks iniciais, pausa para pão e manteigas, e depois os pratos, alguns dos quais apresentados com encenação à mesa). A encenação e as surpresas fazem, aliás, parte do projecto de uma refeição que se pretende divertida e descontraída. E, pelos vistos, a irreverência saiu vencedora.
William
O rosto do fundador daquele que é hoje o Belmond Reid’s Madeira recebe-nos à porta do restaurante de fine dining renovado no Verão de 2015 e rebaptizado como William, homenageando William Reid, fundador do hotel. O restaurante passou a ter como chef consultor Joachim Koerper, do Eleven, em Lisboa, e como chef executivo Luís Pestana. Aqui, num ambiente sofisticado, brilham os produtos da Madeira a par de ingredientes de luxo como lavagante ou caviar, com a assinatura da sempre impecável cozinha de Koerper (que tem também uma estrela no Eleven, em Lisboa). Para além da carta, o restaurante tem três menus à escolha: o Menu William, o Assinatura e o Menu Lavagante.