Susana Díaz já está em pré-campanha para liderar o PSOE
Sanchéz ainda não atirou a toalha ao chão. Sábado vai começar a ouvir os militantes socialistas e perceber se há espaço para o seu projecto.
Toda a gente sabe que a baronesa dos socialistas espanhóis quer liderar o partido. A grande dúvida sempre foi saber quando conta avançar. Uma dúvida que começa a ser respondida: a presidente da Junta da Andaluzia, Susana Díaz, disse não ver incompatibilidade entre ser secretária-geral do PSOE e manter-se à frente do governo andaluz. Foi o toque de partida e os apoios começam a surgir. Para a semana, estará em Bruxelas, em encontros dignos do líder de um partido.
“Sempre que se ponham acima de tudo os interesses das pessoas”, Díaz não vê impedimentos em que se acumulem os dois cargos, afirmou esta semana numa entrevista ao Canal Sur, uma das que deu a media da sua região nos últimos dias. As probabilidades já são muitas: a eterna candidata a líder, rival interna com que Pedro Sánchez teve de lidar até à crise e à saída, em Outubro, formalizará a sua candidatura quando for convocado o próximo congresso dos socialistas espanhóis, antes do próximo Verão.
Ximo Puig, presidente da comunidade de Valência, foi um dos mais claros no apoio às palavras da quase-candidata. “Claro que é possível. Tendo em conta a concepção que tenho de Espanha, isso já aconteceu muitas vezes na Alemanha. É lógico que as lideranças [partidárias] surjam do âmbito territorial”, comentou. O “número dois” da actual liderança de gestão do partido, Mario Jiménez, e o deputado Eduardo Medina (que deixa assim para trás uma antiga rivalidade – Díaz apoiou Sánchez, quando este lutou contra ele pela liderança), entre outros, concordam.
Para além de ter começado a desdobrar-se em entrevistas na sua Andaluzia, onde quer começar por testar as reacções, Díaz reúne-se na próxima semana com comissários europeus e representantes das instituições da União Europeia, iniciando assim “a sua agenda internacional”, como escreve o diário El País.
A ideia é debater “a renovação do projecto para Espanha e as suas necessidades actuais”. Nos dias 29 e 30 de Dezembro vai falar sobre isto com a Alta Representante de Política Externa e Segurança da UE, Federica Mogherini, com o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, e com a comissária da Política Regional, Corina Cretu. Tem ainda reuniões marcadas com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e com o líder do grupo dos socialistas europeus, Gianni Pitella.
Sobre o seu futuro agora não fala. “Já falei muito”, disse na terça-feira. Esta quarta-feira passou por Madrid para participar na apresentação de um livro que será apresentado pelo ex-líder do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba.
Sánchez ainda mexe, mesmo sabendo que se Díaz avançar as suas perspectivas imediatas não são as melhores. Depois de um período que os seus próximos descrevem como de “resguardo e reflexão”, o agora militante socialista (para além de perder a liderança, na crise sobre a posição do PSOE face à investidura de Mariano Rajoy como primeiro-ministro de um Governo em minoria, abandonou também o lugar de deputado) começa um périplo no sábado. A ideia é perceber se tem possibilidades para voltar à carga e reconquistar a secretaria-geral.
Em Xirivella, Valência, vai estar numa mesa redonda, para “escutar qual é o sentimento do partido e se pode haver um movimento forte articulado para apresentar um projecto no próximo congresso”, diz um colaborador ouvido pelo mesmo El País. “Pode ser ele a encabeçá-lo ou outro companheiro que ele ajudaria havendo coincidência no projecto para Espanha e para o partido”, explicam outros socialistas. Cenas dos próximos capítulos em breve.