Hospital pediátrico e banco de sangue bombardeados em Alepo
Ataques a parte oriental da cidade recomeçaram na terça-feira depois de pausa de três semanas.
Um hospital pediátrico foi um dos locais atingidos por bombas no segundo dia do recomeço da campanha de ataques aéreos à parte oriental de Alepo contra rebeldes que se opõem ao regime de Bashar al-Assad, quando se teme o início de uma grande ofensiva para retomar a cidade a todo o custo. Caíram também bombas junto de um banco de sangue e de algumas ambulâncias.
O director do hospital pediátrico Bayan disse estar abrigado na cave do edifício e incapaz de sair do local.
"Dia horrível para o hospital das crianças. Eu, os funcionários e todos os doentes estamos num quarto na cave neste momento", disse numa mensagem no Facebook. "Estamos a tentar sair mas não podemos por causa de todos os aviões ainda nos céus. Por favor, rezem por nós".
O hospital pediátrico foi um de seis centros médicos atacados nas últimas 48 horas, diz o diário britânico The Guardian, citando uma organização de apoio a médicos. Não foi a primeira vez que foi atacado.
A organização síria Observatório dos Direitos Humanos contabilizou pelo menos 21 mortos nos ataques desta quarta-feira, incluindo cinco crianças, em Aleppo, um total de 32 mortos com acções do regime e aliados noutros pontos do país.
Os ataques aéreos são parte de uma ofensiva alargada do regime de Assad e dos seus aliados, incluindo a Rússia, na parte oriental de Alepo. O regime usou ainda pela primeira vez o seu único avião de guerra (a aviação usada é geralmente a russa; o exército sírio ataca com helicópteros que lançam barris cheios de explosivos para os alvos).
“Os helicópteros não pararam nem por um momento”, disse Bebars Michal, voluntário de um grupo de resgate de feridos da cidade, à agência Reuters. “Acordámos com os bombardeamentos e, até agora, os aviões de guerra e os helicópteros não saíram do ar”, contou a enfermeira Modar Shekho. “O bairro de Shaar”, onde estão localizados o hospital pediátrico e o banco de sangue (o último grande centro de armazenamento de sangue em funcionamento na parte oriental da cidade), “ficou completamente destruído”. Duas ambulâncias foram também atingidas e reduzidas a carcaças.
O regime foi já acusado várias vezes de possíveis crimes de guerra por atingir locais como hospitais ou escolas numa ofensiva tão dura que já foi comparada a Sarajevo ou Guernica.
Moscovo negou que tivesse deslocado a sua aviação e disse estar a respeitar uma moratória nos ataques. Mas os bombardeamentos de terça-feira fizeram crer que esta pausa tinha acabado e que as forças que apoiam Assad se preparavam para uma grande ofensiva para retomar a cidade.