Daesh prepara ataques químicos em Mossul, diz ONU

Os combatentes jihadistas estão a acumular grandes reservas de amónia e enxofre. Dezenas de civis estão a ser executados diariamente.

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Soldado iraquiano em Karamah, a sul de Mossul Goran Tomasevic / Reuters

Os combatentes do Daesh estão a executar civis e a acumular reservas de amónia e enxofre, à medida que as forças iraquianas vão avançando para tomar a cidade de Mossul, denunciam as Nações Unidas. O grupo jihadista poderá usar as substâncias para lançar ataques químicos.

Na terça-feira, militantes do Daesh mataram pelo menos 40 civis, acusados de “traição e colaboração” com as forças iraquianas envolvidas na operação de reconquista de Mossul. A deserção e a simples utilização de telemóveis são algumas das justificações para as execuções, diz a porta-voz da ONU para os direitos humanos, Ravina Shamdasani. Os corpos das vítimas foram pendurados em postes de electricidade, acrescentou a responsável, que citou fontes no terreno, entre as quais um homem que se fingiu de morto durante uma execução.

Na base militar de Ghabat, a norte de Mossul, terão sido mortos 20 civis, na quarta-feira, por suspeitas de fornecerem informações às forças de segurança iraquianas. O Daesh forçou ainda um grupo de crianças entre os 10 e os 14 anos a executar quatro pessoas por espionagem e, pelas ruas da cidade, andam jovens com cintos explosivos que os jihadistas apelidam de “filhos do califado”.

“O nível do sofrimento dos civis em Mossul e em outras áreas ocupadas pelo ISIL [acrónimo em inglês pelo qual é conhecido o Daesh] é paralisante e intolerável”, disse o alto-comissário para os direitos humanos, Zeid al-Hussein. Esta semana foi encontrada uma vala comum perto de Mossul com cem corpos decapitados.

Uma das descobertas mais preocupantes é a possibilidade de os combatentes do Daesh recorrerem a armas químicas. A ONU diz que o grupo está a armazenar grandes quantidades de amónia e enxofre e a colocá-los em sítios próximos de posições civis.

Al-Hussein pediu ao Governo iraquiano que “actue depressa para repor o respeito pela lei nas áreas tomadas ao ISIL de forma a garantir que os combatentes capturados e os seus apoiantes são tratados de acordo com a lei”.

Alguns dias depois de ter entrado nos bairros periféricos de Mossul, a unidade de elite do exército iraquiano relançou a ofensiva a partir do flanco leste. Os combatentes do Daesh têm tentado travar os avanços da coligação recorrendo a ataques suicidas, carros armadilhados e a minas colocadas em edifícios. Uma vasta rede de túneis subterrâneos tem também permitido acções de guerrilha urbana por parte dos jihadistas. Os serviços secretos norte-americanos calculam que permaneçam em Mossul entre três a cinco mil combatentes.

 

 

 

 

 

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