Mendes acusa Governo de se colocar “de cócoras” perante Domingues
Social democrata acusa o Governo socialista de legislar a pedido do actual presidente da Caixa Geral de Depósitos.
O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD Luís Marques Mendes acusou este domingo o Governo de ter redigido um regime de excepção para os gestores da Caixa Geral de Depósitos, isentando-os do dever da apresentação de declarações de rendimentos e de património, a pedido de António Domingues e da sua equipa.
No habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes afirmou que a excepção foi uma “linha vermelha” imposta por Domingues para presidir à Caixa, considerando o pedido “legítimo” mas a resposta do Executivo “incorrectíssima”.
“Isto era tão importante para os gestores aceitarem [o convite para lidera a Caixa] que só aceitaram quando este decreto foi aprovado, promulgado e publicado em Diário da República”, afirmou.
“O Governo colocou-se de cócoras”, disse.
“Tudo isto foi feito sem transparência e às escondidas”, criticou Mendes, que acusou o ministro das Finanças Mário Centeno de “desviar atenções” em Agosto ao falar à imprensa sobre a subida de salários dos gestores, omitindo a excepção relativa à declaração de rendimentos.
“O Governo não agiu de boa-fé. Agiu com reserva mental. Desviou as atenções para a questão salarial porque sabia que, se contasse a verdade toda isso provocaria uma tempestade política. Por isso, durante quase três meses, nada se soube”, afirmou Mendes.
“Neste momento tenho a certeza que não só foi de propósito, foi intencional, como foi feito com uma certa perversidade”, disse.
Marques Mendes considerou ainda que a actual polémica deveria ser resolvida “por António Domingues e pela sua equipa”, apresentando voluntariamente a declaração de rendimentos ou solicitando ao Governo a alteração do decreto. “António Domingues deve ser factor de solução e não de bloqueio”, disse.