Na Tailândia há palácios e templos fechados para chorar o rei
O período é de luto nacional. Festas de fim de ano e concertos foram também cancelados.
As autoridades tailandesas decidiram que o período de luto pelo rei Bhumibol Adulyadej, que morreu na quinta-feira, deve abranger, de alguma forma, os turistas que visitam o país e, por isso, publicou uma lista de monumentos e sítios que estarão fechados durante as cerimónias fúnebres.
Assim sendo, e até dia 20 de Outubro, duas das maiores atracções de Banguecoque – o Grande Palácio e o Templo do Buda de Esmeralda, onde os ritos funerários terão lugar – estarão inacessíveis.
Segundo a agência de notícias oficial do governo chinês, dois dos principais estádios de boxe tailandês, o Ratchadamnoen e o Lumpini, também estão fechados. O primeiro, talvez o mais popular deste desporto que cativa milhares de tailandeses e estrangeiros em visita ao país, estará encerrado pelo menos um mês (a data de reabertura ainda não foi anunciada).
A lista de atracções turísticas que sofrerão alterações nos horários e mesmo no calendário será actualizada esta segunda-feira. Os operadores turísticos estão a recomendar a todos que consultem com frequência sites noticiosos e a página oficial da Autoridade de Turismo da Tailândia para que ao chegar não fiquem desapontados.
É que não são só os palácios e templos que vão fechar as portas. Espectáculos nocturnos habitualmente muito procurados também foram cancelados nos próximos dias e a actividade de muitos dos mercados suspensa. Algumas das mais importantes festas populares foram mesmo riscadas do calendário, entre elas o festival de fogo-de-artifício e as celebrações de ano novo na cidade costeira de Pattaya, um dos destinos de férias mais concorridos do país. Muitos concertos de artistas locais e internacionais ficaram sem efeito.
Ainda segundo a agência noticiosa Xinhua (Nova China), as recomendações das autoridades tailandesas para este período de luto e recolhimento passam também por sugerir aos turistas que usem, “se possível, roupa escura e respeitosa quando em público”.
Os proprietários de bares e discotecas foram aconselhados a fechar durante este período em que o país chora a morte do monarca, embora o encerramento não seja obrigatório. Foi decretado um período de luto nacional de 30 dias (a contar da passada sexta-feira), alargado a um ano para os funcionários do Governo espalhados pelo país.
Bhumibol Adulyadej, que estava no trono há 70 anos (era o monarca com o reinado mais longo), morreu na quinta-feira aos 88. Apesar de na prática ter poucos poderes, o rei, figura muito respeitada pelos tailandeses, era considerado um garante de estabilidade e equilíbrio num país que, só na última década, viu dois governos legitimamente eleitos serem afastados por golpes militares.
Desde o último golpe, em Maio de 2014, que a Tailândia é governada por uma junta militar chefiada pelo general Prayuth Chan-ocha, que agora veio anunciar que o príncipe herdeiro, o muito impopular Maha Vajiralongkorn, está em condições de ocupar o lugar deixado vago por Bhumibol Adulyadej.
Para a maioria dos tailandeses, se Vajiralongkorn tivesse um cognome seria, muito provavelmente, o indesejado. Divórcios e escândalos sucessivos, associado a um desinteresse pela vida política e abusos de poder, contribuem para a imagem de um príncipe odiado que poucos quererão ver sentado no trono.