O Governo colombiano e o segundo maior grupo de guerrilha marxista do país, o Exército de Libertação Nacional (ELN), anunciaram segunda-feira que vão avançar para negociações de paz, ainda este mês, no Equador. A decisão surge depois de o Presidente Juan Manuel Santos ter sido galardoado com o Prémio Nobel da Paz, mesmo depois da rejeição em referendo do acordo de paz  com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

De acordo com um comunicado divulgado no Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano, em Caracas, os dois lados comprometeram-se a fazer todos os possíveis para “criar um ambiente favorável à paz”, cita o jornal espanhol El País. Já em Março o Governo tinha anunciado planos para iniciar conversações com o ELN, pondo no entanto com condição essencial que a guerrilha libertasse os reféns que tem em sua posse.

Essa condição continua por cumprir. A primeira ronda negocial está marcada para o dia 27 de Outubro, mas Juan Manuel Santos sublinhou que não existirá acordo sem que primeiro sejam libertados todos os prisioneiros. Durante as duas últimas semanas foram libertadas três pessoas, mas o número total de reféns do ELN não é conhecido. “Em breve não haverá mais civis nas mãos das guerrilhas. Esse é o acordo”, disse à agência AFP uma fonte próxima das negociações.

Apesar das intenções do Presidente colombiano, o líder do Exército de Libertação Nacional insistiu que a libertação de reféns deverá fazer parte das negociações, mas já se comprometeu a libertar mais dois reféns antes de dia 27, detalha a BBC. 

A Colômbia e o ELN acordaram a 31 de Março avançar com negociações de paz, em paralelo com as conversações do Governo com as FARC. “Tentamos negociar com o ELN há quase três anos para pôr fim ao conflito armado com eles também. Agora que estamos a avançar com o ELN, vamos ter paz total”, defendeu o Prémio Nobel.

O líder das FARC, Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, apoiou o início da fase pública do processo de paz entre o Governo e o ELN. “Contam com o nosso apoio militante e solidário. [Desejo] muitos êxitos nesse processo que hoje [segunda-feira] iniciam”, disse.

Também o chefe negociador das FARC nos diálogos de paz, Luciano Marín, destacou o acontecimento: “O acordo entre o ELN e o Governo para começar o diálogo é muito boa notícia para o país”.

O Presidente colombiano e Prémio Nobel da Paz está comprometido a avançar rapidamente com as conversações e pede realismo para os dois lados da negociação, insistindo que "o tempo é o maior inimigo".