Trump justifica-se: apenas usou “brilhantemente” as leis fiscais para pagar menos
Fundação do candidato presidencial republicano foi proibida de angariar mais fundos. Trump usou expediente fiscal para escapar aos impostos durante 18 anos.
O candidato presidencial norte-americano Donald Trump não nega que tenha fabricado os números dos seus rendimentos para pagar menos impostos em meados da década de 90, como revelou o New York Times há dias, e prefere sair do assunto por cima, alegando que apenas “usou brilhantemente” as leis tributárias dos Estados Unidos para conseguir sobreviver a tempos difíceis no sector imobiliário.
“Consegui usar as leis fiscais deste país e a minha perspicácia para os negócios para me desenrascar no meio da bagunça imobiliária… quando poucos conseguiram fazer o que eu fiz”, afirmou o candidato republicano durante um comício em Pueblo, no estado do Colorado.
Foi a primeira vez que Donald Trump falou sobre o caso: segundo o jornal, em 1995, o milionário norte-americano declarou ter tido prejuízos de 916 milhões de dólares (820 milhões de euros ao câmbio actual), o que lhe permitiu não pagar impostos federais durante 18 anos. A táctica de Trump é desvalorizar: os media têm uma “obsessão com as declarações de impostos dos anos 90”, afirmou, citado pela Reuters.
E enquanto o seu staff também não negou a notícia do New York Times, dois dos seus apoiantes de peso – o antigo mayor de Nova Iorque, Rudy Giuliani, e o governador de Nova Jérsia, Chris Christie – vieram a público dizer que a estratégia agressiva de Trump de uso legal de provisões fiscais para reduzir o pagamento de impostos é uma prova de que é um “génio” como homem de negócios e investidor imobiliário.
Hillary Clinton aproveitou a polémica para defender que os registos fiscais do adversário republicano estão a denegrir a sua imagem de homem de negócios. “Que tipo de génio perde mil milhões de dólares num único ano? Trump.” Numa acção de campanha em Toledo, no Ohio, na segunda-feira à noite, a candidata democrata voltou a insistir no desafio a Trump para que este divulgue as suas declarações de rendimentos completas, como outros candidatos fizeram no passado.
Entretanto, a candidatura republicana sofreu mais um revés: o procurador-geral do estado de Nova Iorque proibiu a fundação de Donald Trump de fazer mais recolha de donativos alegando que a instituição não cumpre as leis estaduais. Numa carta com data de sexta-feira passada (dia 30) citada pela AFP, diz que a Fundação Trump não está completamente legalizada e nunca comunicou às autoridades fiscais as informações financeiras obrigatórias sobre a sua actividade.
Na carta, o procurador Eric Schneiderman, que é democrata, ordena que a fundação “cesse imediatamente os pedidos de contribuições ou a prática de angariação de fundos” pelo menos no estado de Nova Iorque, e avisa que se a instituição desrespeitar a ordem será acusada de “fraude continuada sobre o povo” daquele estado. O procurador dá ainda 15 dias à fundação para comunicar ao departamento estadual que lida com as organizações sem fins lucrativos toda a informação financeira sobre a angariação de fundos dos últimos anos. A campanha de Trump preferiu, por enquanto, não comentar o assunto.