Sporting duplicou gastos com salários
Remunerações do plantel e equipa técnica ultrapassaram 37 milhões na época 2015-16. SAD “leonina” terminou exercício com prejuízo
Ao mesmo tempo que duplicou os gastos em remunerações do pessoal, a SAD do Sporting terminou a época de 2015-16 com prejuízo de quase 32 milhões de euros. O relatório e contas referentes ao exercício transacto, enviados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na quinta-feira à noite, lançam também alguma luz sobre o real custo de alguns dos reforços contratados pelos “leões”: o argentino Alan Ruiz, por exemplo, custou afinal oito milhões de euros, numa verba que inclui 3,2 milhões pagos em prémios ao jogador e comissões.
Os dados dos primeiros seis meses da temporada 2015-16 já tinham evidenciado a tendência de aumento dos gastos com pessoal no Sporting – na altura, excluindo as remunerações dos órgãos sociais e outras rubricas, eram 19,2 milhões em salários – e o resumo do exercício dá a real dimensão desse aumento. O dinheiro gasto na remuneração do plantel e equipa técnica duplicou relativamente à temporada 2014-15, tendo superado os 37 milhões de euros (quase 2,5 milhões dos quais dizem respeito a prémios). “O aumento verificado nas remunerações do pessoal decorre essencialmente do reforço efectuado durante esta época no plantel com a contratação da equipa técnica, aquisições de jogadores e renovações de contratos de trabalho desportivo de modo a garantir a necessária sustentabilidade da performance desportiva da Sporting SAD”, reforça-se no documento.
Feitas as contas, a SAD “leonina” encerrou o exercício 2015-16 com prejuízo de 31,9 milhões de euros. Um resultado negativo explicado pelas implicações do diferendo com o fundo de investimento Doyen sobre a transferência de Marcos Rojo para o Manchester United, no Verão de 2014. “Sem esse efeito, o resultado líquido manter-se-ia negativo, mas a rondar os 16,9 milhões. Este resultado negativo seria provavelmente eliminado se o Sporting tivesse sido apurado para a fase de grupos da Champions League”, pode ler-se no relatório e contas enviados à CMVM.
Nestas contas já não entram os ganhos registados com as transferências de Slimani e João Mário, para o Leicester City e Inter de Milão, respectivamente. “Importa ressalvar que, em Agosto de 2016, ou seja já na época de 2016-17, com a alienação dos direitos desportivos dos atletas João Mário e Islam Slimani, se atingiu uma mais-valia estimada em cerca de 54 milhões de euros, um recorde absoluto para a sociedade”, destaca a SAD do Sporting. A esse respeito, o relatório e contas mostram ainda que o Sporting só terá direito a 75% dos 40 milhões de euros que os italianos do Inter de Milão pagaram pelo internacional português. Em 2012, o então presidente “leonino” Godinho Lopes cedeu 25% do passe de João Mário ao fundo Quality Football Fund Ireland Limited. Esta estrutura, identificada com o empresário português Jorge Mendes e o britânico Peter Kenyon, antigo director de Manchester United e Chelsea, pagou então 400 mil euros por essa percentagem que agora lhes rendeu 10 milhões.
O Sporting discriminou também à CMVM os detalhes das transferências feitas nos dois últimos períodos em que o mercado esteve aberto (Inverno e Verão de 2016). Entre os jogadores contratados mais recentemente, destaca-se o facto de Alan Ruiz, proveniente do Colón, ter custado afinal mais de oito milhões de euros – um valor onde se inclui um prémio de 2,2 milhões pago ao próprio jogador e um milhão de comissões. Confirma-se que a contratação do holandês Bas Dost ao Wolfsburgo custou dez milhões, aos quais ainda podem acrescentar-se dois milhões em bónus. Entre os reforços de Inverno, Bruno César chegou livre, após desvincular-se do Estoril, mas implicou o pagamento de uma comissão no valor de 1,3 milhões.