Ministro da Defesa manda suspender curso de Comandos

Decisão foi anunciada horas depois de Azeredo Lopes ter admitido intervir mas apenas após o fim dos inquéritos à morte de um militar.

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Um militar morreu e pelo menos cinco foram internados na primeira de 12 semanas de formação DR

O ministro da Defesa anunciou nesta quinta-feira que os cursos de Comandos vão ficar suspensos até que se apurem as causas da morte de um militar no passado domingo durante um treino que decorria sob intenso calor. Segundo notícia avançada pela RTP, o ministro anunciou também que foi aberto um inquérito técnico às condições em que se realizam estes mesmos cursos.

Falando em Londres, onde se encontra a participar numa reunião ministerial de Defesa dedicada às operações de manutenção de paz das Nações Unidas, José Azeredo Lopes já admitira na manhã desta quinta-feira intervir no caso, mas apenas após a conclusão das duas investigações em curso — a cargo do Exército e da Procuradoria-Geral da República — à morte do militar. Além deste episódio mais grave, o 127.º Curso de Comandos, frequentado por um total de 67 alunos e que está na segunda de 12 semanas de formação, obrigou ainda ao internamento hospitalar de pelo menos mais cinco militares que ali faziam as missões de treino.

“Estou a acompanhar [a situação] com muita preocupação”, disse nesta manhã o ministro à agência Lusa, referindo não só a vítima mortal como “outros incidentes num número que é objectivamente elevado”. No domingo, quando o militar morreu devido a um “golpe de calor” e um segundo aluno do curso foi internado nos cuidados intensivos do Hospital do Barreiro, o Exército esclareceu que os treinos iam continuar, embora adaptados ao tempo quente que se tem feito sentir.

Cinco militares internados

Estes incidentes ocorreram ambos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, embora em locais diferentes, sendo que o incidente do militar que veio a falecer ocorreu pelas 15h40. De acordo com uma primeira nota do Exército português, o militar falecido sentiu-se “indisposto durante uma prova de tiro”, tendo sido de imediato assistido pelo médico que acompanhava a instrução, que lhe diagnosticou “um golpe de calor”. Esse facto determinou a saída do militar da instrução e a sua transferência para a enfermaria de campanha, onde terá ficado em observação. Como, após o jantar, a sua situação clínica piorou, o médico optou pela sua retirada para um hospital, mas o militar acabou por morrer após uma paragem cardiorrespiratória antes de chegar a ser transferido.

O militar levado em estado grave para o Barreiro foi entretanto transferido para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, devido a complicações hepáticas. Está neste momento em lista de espera para um eventual transplante de fígado, “apesar da melhoria progressiva do ponto de vista global” da sua situação clínica.

No Hospital das Forças Armadas, também em Lisboa, permanecem internados três outros militares que frequentavam o 127.º Curso de Comandos, dois deles no Serviço de Medicina e o terceiro na Unidade de Tratamentos Intensivos, sendo a sua situação clínica estável. A este hospital deverá chegar nas próximas horas um quinto militar que se encontra no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa e cuja situação se mantém igualmente “estável, sem agravamento clínico e analítico”. com Lusa

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