Portugal penaliza resultados do Bank of China na Europa

Filial em Lisboa perdeu 1,5 milhões e fez descer lucro consolidado da instituição na Europa. Investidores chineses estão a reforçar presença no sector financeiro português.

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Sucursal do Bank of China no centro de Lisboa Nuno Ferreira Santos

A filial do Bank of China em Lisboa teve perdas de 1,5 milhões de euros no ano passado, um resultado que penalizou o lucro consolidado da instituição chinesa a nível europeu.

De acordo com as contas do banco, agora disponibilizadas, as filiais de Roterdão, Bruxelas, Polónia e Luxemburgo (sede do Bank of China na Europa) geraram um lucro líquido total de 6,1 milhões de euros, mas o valor consolidado foi de 3,9 milhões (mais 5,6% face ao ano anterior) devido ao contributo negativo de Lisboa e Estocolmo. Este último registou perdas de 720,1 mil euros.

No caso de Lisboa, cuja filial é liderada por Xiao Qi, e não obstante o facto de se ter mantido nos prejuízos, o resultado representa uma melhoria face a 2014, ano em que registou uma perda de 3,1 milhões de euros.

Até agora, as perdas do Bank of China com o mercado português somam 6,2 milhões de euros, já que o banco, presente em Lisboa desde Abril de 2013, teve nesse ano uma perda líquida de 1,6 milhões. Na base destes resultados estarão os custos de arranque da operação, incluindo com pessoal.

As contas da instituição, que aposta no financiamento do sector do comércio e na banca de retalho, mostram uma subida no valor de activos (mais 47%, para 507,5 milhões), impulsionada por financiamentos da instituição via Luxemburgo e pelo crescimento dos depósitos, bem como uma melhoria da margem financeira. Uma das operações em que esteve envolvida foi um empréstimo de 200 milhões de euros à REN (em 2014), que tem como maior accionista a empresa estatal chinesa State Grid.

Nas contas agora apresentadas, o Bank of China, uma das maiores instituições financeiras do seu país e que chegou a estar na corrida ao Novo Banco, diz que quer desenvolver o negócio de gestão de activos, e expandir-se para mais mercados europeus.

Depois de falar de “um quadro operacional e regulamentar desafiantes”, o banco refere que apresentou um pedido para aumentar o seu capital em 200 milhões de euros. A operação deverá estar concluída, diz, até ao final deste ano.

 

Fosun a caminho do BCP

Uma “elevada volatilidade nos mercados financeiros”, “moderação das expectativas de crescimento globais” e “condições adversas de financiamento” foram, por sua vez, as explicações do Haitong Bank (ex- BES Investimento, foi comprado pelo grupo chinês Haitong) para o prejuízo de 21 milhões de euros que marcou o primeiro semestre deste ano. O produto bancário foi de 63 milhões de euros, o que representa uma descida de 21% face ao mesmo período do ano passado.

A instituição financeira, que conta com José Maria Ricciardi como presidente executivo, adianta que está a implementar várias medidas para aumentar a rentabilidade, mas que, para já, estas ainda não produziram efeitos.

O banco, que fechou a sucursal que tinha em Nova Iorque (aguarda agora por uma licença de corretagem), refere que houve uma redução dos trabalhadores em Londres, medida que irá gerar, diz, “uma poupança significativa de custos a partir de 2017”. No relatório divulgado na passada quarta-feira, a instituição financeira diz que há “diversas medidas em estudo”, como “o redesenho das áreas de negócio e renegociação de contratos com fornecedores”. A estratégia passa também por iniciativas como o lançamento de novos fundos de private equity.

O Haitong pediu ainda autorização ao Banco de Portugal para abrir uma filial em Xangai “com o objectivo de prestar serviços de assessoria financeira a clientes chineses”.

O BES Investimento foi a primeira grande aquisição em Portugal no sector financeiro por parte de um grupo chinês, mas o mercado nacional tem estado no radar deste país.

A 11 de Agosto, o veículo criado para gerir os activos mais problemáticos do Banif, a Oitante, anunciou a venda do Banif – Banco de Investimento à Bison Capital, com sede em Hong-Kong e liderada por Peixin Xu, um empresário chinês. O negócio, cujos pormenores não foram revelados (sabe-se apenas que a Bison terá de aplicar 10 milhões na instituição), está ainda pendente de autorizações dos reguladores. 

A operação de maior dimensão, no entanto, cabe à Fosun, grupo privado chinês liderado por Guo Guangchang e que quer tornar-se no maior accionista do BCP. Este mês, os actuais accionistas deverão analisar a proposta de compra, que passa pela aquisição de 16,7% do banco, posição que poderá subir depois para 30%. Nesta primeira fase, a entrada da Fosun, que também esteve na corrida ao Novo Banco, passa por um aumento de capital que não teria outros participantes, e onde o grupo aplicaria 236 milhões. Além da luz verde de accionistas como a Sonangol (actualmente o maior accionista, com 17,8%, mas que veria a sua posição diluída para um patamar inferior ao da Fosun), o negócio pressupõe ainda várias condições: concretização da diminuição do número de acções (reverse stock split), ao fundir lotes de 75 títulos em uma só acção; a garantia de que não há “surpresas” quanto a contribuições especiais para o Fundo de Resolução; e que o tecto da blindagem dos votos passe de 20% para 30%.

Por fim, a Fosun quer ainda eleger dois membros para a comissão executiva do BCP, e a última palavra sobre o negócio caberá sempre aos reguladores (onde se destaca o Banco Central Europeu).

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