Uma parte dos Passadiços do Paiva já ardeu
Geoparque de Arouca confirma que já ardeu "uma parte parcial" dos passadiços junto à "garganta do Paiva". Incêndios nas freguesias de Covelo de Paivó e Janarde ameaçam várias povoações desde segunda-feira. Mais de 340 bombeiros combatem as chamas no local.
Uma das frentes de fogo que lavra desde segunda-feira no concelho de Arouca chegou nesta quinta-feira aos Passadiços do Paiva. Nem a autarquia nem o Geoparque de Arouca conseguem precisar a que horas o fogo terá chegado aos passadiços, mas, pelas 17h desta quinta-feira, Ricardo Neves, técnico de turismo da Associação Geoparque Arouca, confirmava que "uma parte parcial dos passadiços já ardeu".
O fogo está localizado na "garganta do Paiva, próximo do Miradouro das Aguieiras" e continua a lavrar na direcção de Espiunca, onde se localiza a entrada mais a norte do parque.
A informação é escassa, numa altura em que os bombeiros ainda combatem as chamas na região em várias frentes. "Ainda é precoce para fazer um ponto da situação e avaliar os estragos", afirmou Ricardo Neves.
Às 17h15 desta quinta-feira estavam no terreno 343 operacionais, um número que tem vindo a crescer nas últimas horas – pelas 11h da manhã eram 306. Há ainda 99 veículos e cinco meios aéreos no local, num dispositivo que reúne corporações de todo o país.
Depois da chegada de bombeiros do Alentejo, um grupo de viaturas urbanas de Lisboa reforçou a intervenção de defesa junto das povoações. O fogo nas freguesias de Covelo de Paivó e Janarde lavra em áreas florestais e ameaça sucessivamente as casas desde segunda-feira, à mercê da vontade do vento, que sopra na ordem dos 80 km/hora.
Do posto do Geoparque de Arouca, “os bombeiros e a protecção civil mal conseguem ver um palmo à frente”, tal é a densidade do fumo, descreveu na manhã desta quinta-feira Ricardo Neves, técnico de turismo da Associação Geoparque Arouca. “Os passadiços estarão encerrados até indicação das autoridades”, confirmou.
O presidente da Câmara de Arouca desvaloriza, no entanto, a destruição do passadiço, perante a "tragédia que se abateu sobre Arouca." Em declarações à Lusa, José Artur Neves afirma que não admite "que apontem isso como mais importante nessa desgraça". "Substituir 100, 200 ou 500 metros de passadiço não tem significado nenhum. Substituir uma floresta de pinheiros, carvalhos, sobreiros e outras árvores que demorou 30 anos a crescer é que é impossível."
Nesta quarta-feira, a autarquia já tinha retirado as cerca de 1500 pessoas que se encontravam no local, por precaução. Os passadiços do Paiva já arderam há menos de um ano, na sequência de outro incêndio. Só reabriram em Fevereiro passado, depois de terem sido reconstruídos cerca de 600 metros de passadiço.
Situação por controlar em Aveiro
Durante esta madrugada, Aveiro era o distrito que concentrava mais operacionais e meios no combate aos incêndios no continente, com 1191 homens no terreno, apoiados por 379 viaturas, a combaterem 13 incêndios.
"Todos [os incêndios do distrito] são preocupantes. Depende do tipo de classificação ou da importância que se dá aos diversos factores. Este [de Arouca] tem uma pressão muito urbana, o de Anadia também, o de Águeda tem menos, mas todos são importantes", disse à agência Lusa o comandante operacional distrital, José Bismarck.
"[Em Arouca] está muito próximo de casas e o que nós estamos a fazer é uma defesa perimétrica às habitações", afirmou. Já os incêndios de Águeda continuavam àquela hora a apresentar uma situação "desfavorável, mas a ceder aos meios de combate", e o incêndio de Anadia/Mealhada também estava "desfavorável", acrescentou.
O comandante operacional distrital de Aveiro adiantou que durante a madrugada continuava a haver casas em risco, uma situação que se deverá manter nas próximas horas, nomeadamente em Arouca.
A ministra da Administração Interna vai estar esta quinta-feira, pelas 12h30, no quartel dos Bombeiros Voluntários de Arouca. com Lusa