Já morreram quase 3000 pessoas este ano no Mediterrâneo, é um recorde

No ano passado, só em Outubro se alcançou este número. Já chegaram 254.736 migrantes à Europa desde Janeiro.

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Um naufrágio a acontecer no Mediterrâneo Marinha Militar Italiana/AFP

Nunca as mortes no Mediterrâneo de migrantes que tentam alcançar a Europa chegaram tão perto das 3000 nesta altura do ano, diz a Organização Internacional das Migrações (OIM), que as contabiliza em 2977 até 21 de Julho. No ano passado, só chegámos a este número em Outubro, e em 2014 em Setembro”, disse o porta-voz da OIM Joel Millman. “É muito preocupante que isto esteja a acontecer antes do fim de Julho.”

Os 254.736 migrantes que já chegaram à Europa este ano fizeram-no sobretudo por mar (apenas 9519 o fizeram por terra). E três em cada quatro vítimas mortais da travessia este ano estavam a tentar chegar a Itália a partir do Norte de África, sobretudo vindas da Líbia – uma rota mais longa e mais perigosa do que a tomada pela maioria dos que fizeram a viagem no ano passado, sobretudo a partir da segunda metade do ano. 

Os migrantes que chegaram à Europa em números recordes no ano passado – mais de um milhão – vieram do Médio Oriente e da Ásia, através da Turquia, e entraram na Europa usando a rota dos Balcãs, tendo como país de entrada a Grécia. Mas a viagem por mar entre a Turquia e a Grécia é curta e pouco perigosa durante o Verão, porque nessa época o mar é normalmente calmo.

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Quase 2500 mortes aconteceram desde o fim de Março, com uma média de 20 mortes por dia de migrantes na rota da Líbia para Itália, especificou Millman, citado pela Reuters. A maior parte destas pessoas vinha de países da África Ocidental e do Corno de África, embora se encontrem também naturais do Paquistão, Bangladesh e Marrocos.

“A guarda-costeira líbia tem conseguido fazer voltar para trás algumas embarcações com migrantes nas últimas seis semanas. Também têm recuperado cadáveres a um ritmo alucinante”, contou Millman. “Mas há um mercado muito robusto de barcos de pesca usados vindos da Tunísia e do Egipto em Trípoli. Pode-se ir ao estaleiros onde há pessoas a trabalhar o mais rapidamente possível para reparar os barcos, para levar mais migrantes para o mar”, contou, em conferência de imprensa.