A muito aguardada apresentação do governador do estado do Indiana, Mike Pence, como candidato a vice-presidente no ticket republicano aconteceu finalmente este sábado, num evento em Nova Iorque onde quem acabou por estar no centro das atenções foi o próprio Donald Trump.

O seu discurso, supostamente de introdução do seu parceiro na corrida à Casa Branca, prolongou-se por mais de meia hora, com o candidato presidencial a oferecer a sua opinião sobre temas tão diversos quanto o terrorismo na França, os acordos de livre comércio ou a construção do seu novo hotel em Washington.

E quando finalmente se lembrou de elogiar Mike Pence – “um homem de honra, carácter e honestidade” –, arranjou uma comparação com a sua rival democrata, Hillary Clinton. “Ela está totalmente comprada por Wall Street, pelos lobbyistas, pelos grupos de interesse. Ela é a desonesta Hillary”, insistiu.

O efeito surpresa da escolha de Pence – um político convencional e previsível – já tinha sido esvaziado nos dias anteriores, mas este tipo de eventos costuma servir para projectar a sua imagem a nível nacional. “As pessoas que me conhecem sabem que sou um tipo básico. Sou um cristão, um conservador e um republicano, por esta ordem”, afirmou o governador do Indiana, numa breve auto-referência, antes de exortar as virtudes do “lutador” e “patriótico” Trump.

A principal novidade do dia, no que diz respeito à campanha republicana, acabou por ser a decisão tomada pelo comité que determina as regras de funcionamento da convenção do partido, e que rejeitou uma proposta para autorizar os delegados a votar “em consciência” no seu candidato preferido, e não naquele que foi eleito nas primárias do seu estado. A ideia dava alento ao movimento auto-denominado “Trump Nunca”, que esperava provocar uma convulsão na reunião magna do partido e assim impedir a indigitação oficial do milionário como candidato presidencial. A convenção republicana arranca em Cleveland, no Ohio, na segunda-feira.

Fiel a si próprio, Trump festejou no Twitter a derrota dos seus adversários políticos: “#Never Trump está morto e enterrado. Foram esmagados em Cleveland pelo comité das regras que votou 87-12. Vamos tornar a América grande!”, vangloriou-se. Apesar da renitência da hierarquia do Partido Republicano, e do inconformismo de algumas das suas bases, a verdade é que, a partir do momento em que arrecadou o número suficiente de delegados, Donald Trump nunca esteve em risco de perder a nomeação para a Casa Branca.