Sarkozy está a uma demissão de ser candidato às primárias do seu partido
O ex-Presidente vai apresentar a sua candidatura às eleições internas d’Os Republicanos durante o Verão.
Ainda não foi desta que o segredo pior guardado da política francesa foi oficialmente revelado. O ex-Presidente, Nicolas Sarkozy, deu um passo em frente para ser candidato a um regresso ao Palácio do Eliseu nas eleições do próximo ano.
Ironicamente, esse caminho deverá começar com a demissão do próprio Sarkozy como líder do partido Os Republicanos (anteriormente conhecido como União para o Movimento Popular). Para se poder candidatar às eleições primárias de Novembro — onde os simpatizantes e militantes da formação de centro-direita vão escolher o seu candidato presidencial — Sarkozy tem de abandonar a liderança d’Os Republicanos.
“Este conselho nacional será o meu último como presidente d’Os Republicanos”, anunciou o ex-chefe de Estado durante a reunião de sábado em que foi revelado o programa eleitoral do partido.
Segundo os estatutos, a demissão deverá acontecer no máximo até duas semanas antes da data limite para a apresentação de candidaturas internas, a 9 de Setembro.
A corrida pela nomeação republicana promete, porém, ser uma luta fratricida. O partido está muito dividido e o regresso de Sarkozy à vida política está longe de reunir o consenso que o ex-Presidente almejava alcançar.
Há nada menos do que 12 candidatos declarados às primeiras eleições primárias na história do partido, marcadas para 20 de Novembro. Entre eles destaca-se Alain Juppé, que tem liderado as sondagens e se apresenta como o grande rival interno de Sarkozy. Entre os favoritos está ainda François Fillon, que foi primeiro-ministro durante o mandato de Sarkozy.
O clima de divisão estendeu-se à reunião de sábado, à qual apenas dois dos candidatos compareceram, segundo o Le Monde. Para Juppé, a votação do programa do partido constitui uma “confusão lamentável entre Sarkozy presidente do partido e Sarkozy candidato”.
Sentindo esta falta de unidade, o líder d’Os Republicanos apelou à superação das divisões face a umas presidenciais que prometem ser cruciais para França e para a Europa.
O Presidente François Hollande parte para uma reeleição muito longe de estar assegurada — tem índices de popularidade muito baixos e enfrenta contestação nas ruas e no próprio partido — e a Frente Nacional quer aproveitar a onda eurocéptica que varre o continente para, pelo menos, alcançar a segunda volta, tal como aconteceu em 2002. “É necessário aceitar avançar juntos e não separadamente”, disse Sarkozy aos militantes conservadores.