Marcelo considera "naturais" escutas com o director do Museu da Presidência
O Presidente da República desvalorizou o registo das conversas. As escutas em questão foram destruídas por ordem do Supremo Tribunal de Justiça por serem consideradas "irrelevantes" para a investigação.
Marcelo Rebelo de Sousa desdramatizou o facto de ter sido apanhado nas escutas ao director do Museu da Presidência, dizendo ser "natural" no meio de uma investigação. Principalmente, precisou, numa altura em que foram tratados vários assuntos entre o Presidente da República e aquele responsável, como o aniversário da tomada de posse do general Ramalho Eanes.
"É natural que fortuitamente, acidentalmente, no meio da gravação de éne [várias] conversas haja conversas desse tipo", explicou o chefe de Estado, numa conferência de imprensa improvisada junto ao cais de Porto Santo.
Diogo Gaspar, director do Museu da Presidência, foi constituído arguido no âmbito da Operação Cavaleiro, em que é suspeito de 13 crimes: cinco de peculato, quatro de participação económica em negócio, um de tráfico de influencia, um de falsificação de documentos, um de abuso de poder e um de peculato de uso.
O director do Museu da Presidência da República foi suspenso de funções e obrigado a pagar uma caução de 50 mil euros, por decisão da juíza de instrução criminal do processo. O arguido ficou ainda proibido de entrar na Secretaria-Geral da Presidência da República, no Museu da Presidência e no Palácio da Cidadela, em Cascais, além de estar impedido de contactar com diversas pessoas.
O comunicado da PGR revelou ainda que no âmbito do inquérito "foram interceptadas comunicações telefónicas nas quais intervém acidentalmente o Presidente da República". "O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça determinou a destruição imediata de elementos relativos a essas mesmas intercepções telefónicas, por as considerar manifestamente estranhas ao processo, não tendo, por isso, qualquer relevância para a investigação", acrescenta o mesmo comunicado.