Centeno não avança com data para uma solução na CGD
Mário Centeno recusa fazer previsões sobre o momento da decisão de recapitalização do banco publico e diz que, em vez das sanções, esteve a falar do presente e do futuro com a Comissão Europeia.
O ministro das Finanças recusou esta quinta-feira fazer qualquer previsão sobre quando o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) estará fechado. Depois de António Costa ter afirmado esta semana que estava para breve a decisão de Bruxelas sobre o plano que o Governo tem para fortalecer o capital do banco público, o ministro preferiu não avançar com qualquer tipo de data.
"Eu não vou fazer previsões quanto a timings," afirmou Mário Centeno aos jornalistas. "É um processo que tem uma natureza de regulação e supervisão bastante importante e bastante sensível para o país e para o seu sistema financeiro, e, portanto, mais importante que timings é que o processo seja concluído com sucesso," acrescentou o ministro.
O governante defendeu ainda que a recapitalização da Caixa deve ficar "fora da luta partidária”, dada a importância do banco público para o país. "É um processo com que o Governo está a lidar da forma mais institucional possível. Todos os partidos foram informados das decisões que foram tomadas até agora," defendeu Centeno depois de uma reunião no Luxemburgo com os restantes ministros do euro.
Antes mesmo do encontro começar, Centeno esteve reunido com o comissário para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, e com o vice-presidente do euro, Valdis Dombrovskis. Moscovici disse aos jornalistas que a reunião bilateral serviu "para avaliar qual a melhor forma para avançar e obter o melhor resultado para Portugal e para a zona euro”, depois de o país ter falhado com as metas do défice em 2015, e, arriscar ser por isso multado no próximo mês. Valdis Dombrovskis anunciou o encontro com Centeno no Twitter, dizendo que discutiram a situação orçamental e o sector financeiro Português.
Mário Centeno, contudo, relativizou o conteúdo das duas discussões, dizendo que não foi de eventuais sanções que esteve a falar com os responsáveis europeus "As sanções não foram tema desta conversa. Estávamos focados naquilo que são os dados (orçamentais)", respondeu o ministro, garantindo que a discussão com os responsáveis da Comissão “foi sobre o presente e o futuro”. “É isso que nos interessa e é nisso que estamos focados”, disse.
Durante a reunião dos 19 ministros, o tema das sanções ficou efectivamente de fora, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu uma simplificação das regras orçamentais Europeias – as mesmas que estipulam que a Comissão Europeia pode aplicar sanções aos países que não respeitam as metas orçamentais. "Não estamos a opinar se as sanções devem ou não ser aplicadas", disse Christine Lagarde, a directora do fundo, em conferência de imprensa. O FMI apresentou um relatório durante a reunião apelando aos países do euro que cumpram com as regras orçamentais, e, que trabalhem de forma conjunta – só assim, fazer parte da União Europeia (UE) é atractivo para os cidadãos.
Os benefícios de fazer parte da UE estão neste momento em questão, à medida que o referendo britânico se aproxima. O FMI disse no mesmo relatório que um voto para sair da Europa, ou mesmo uma vitória pequena para permancer no bloco, vai alimentar um sentimento anti-europeu. Para os 19 ministros do euro a melhor forma de combater tal sentimento é avançar com o projecto europeu. "Não haverá movimentos dramáticos, mas serão dados passos em frente", disse o Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. "Levaremos o projecto em frente”.